Alterações na qualidade seminal: causas, diagnóstico e tratamentos

Receber um diagnóstico que aponte para alterações na qualidade seminal pode gerar muitas incertezas e preocupação. Elas se referem a mudanças na qualidade ou quantidade dos gametas masculinos, que podem impactar a fertilidade.

A infertilidade masculina está presente em cerca de 40% dos casos de casais com dificuldade para engravidar, e a avaliação da saúde do espermatozoide é um dos primeiros passos para entender o cenário.

Entendemos que esse momento é delicado, mas é fundamental considerar que essa é uma condição comum e que existem caminhos para investigar as causas e buscar o tratamento mais adequado para realizar o sonho de construir uma família. Saiba mais sobre a condição.

O que são alterações na qualidade seminal?

Na prática médica, avaliamos parâmetros específicos através de um exame chamado espermograma. As alterações mais comuns identificadas neste exame são:

• Astenozoospermia: quando os espermatozoides apresentam baixa motilidade, ou seja, dificuldade para se mover de forma progressiva e rápida até o óvulo;
• Oligozoospermia: refere-se a uma baixa concentração de espermatozoides no sêmen ejaculado;
• Teratozoospermia: caracteriza-se por uma alta porcentagem de espermatozoides com formato (morfologia) anormal, o que pode dificultar a fecundação.

Além disso, é importante destacar que um homem pode apresentar uma ou a combinação dessas condições. De qualquer forma, apenas uma análise laboratorial detalhada pode identificar qual parâmetro está alterado.

Quais são as principais causas para a baixa qualidade do sêmen?

Diversos fatores podem afetar a produção e a qualidade dos espermatozoides. Eles podem ser divididos em condições médicas, hábitos de vida e influências ambientais. Portanto, compreender a causa é o primeiro passo para definir a melhor abordagem de tratamento.

É importante ressaltar que a qualidade do esperma é um processo complexo, influenciado por uma combinação de múltiplos fatores genéticos e ambientais, e não apenas por uma única causa. Confira a seguir quais são as principais:

Fatores médicos e de saúde

• Varicocele: é a dilatação das veias nos testículos, sendo a causa reversível mais comum de infertilidade masculina. O aumento da temperatura local prejudica a produção de espermatozoides;
• Infecções: algumas infecções, como a caxumba após a puberdade ou infecções sexualmente transmissíveis, podem afetar os testículos ou o transporte do sêmen;
• Questões hormonais: desequilíbrios em hormônios como a testosterona, produzidos pelo hipotálamo ou pela hipófise, são fundamentais para a produção de espermatozoides;
• Fatores genéticos: anomalias cromossômicas, como a Síndrome de Klinefelter, podem causar uma produção reduzida ou ausente de espermatozoides.

Outro fator importante é a fragmentação do DNA espermático. De acordo com o Dr. Guilherme Wood, especialista em urologia e reprodução assistida, “a fragmentação do DNA espermático é o rompimento ou dano no material genético dos espermatozoides. Isso significa que o DNA dentro dos espermatozoides está dividido em fragmentos menores do que o normal, o que pode afetar a capacidade de fertilizar um óvulo e dificultar a gravidez.”

“Esse tipo de dano geralmente acontece por fatores que causam estresse oxidativo nos espermatozoides: infecções, exposição a toxinas, estilo de vida inadequado, obesidade e varicocele, por exemplo.”, complementa o especialista.

Estilo de vida e fatores ambientais

A qualidade do espermatozoide é, de fato, bastante sensível a uma combinação de fatores ambientais e hábitos de vida. Por isso, a exposição a produtos químicos nocivos, a poluição e até mesmo a dieta podem influenciar diretamente essa saúde.

• Obesidade: o excesso de peso pode causar alterações hormonais e aumentar a temperatura testicular, impactando negativamente a qualidade do sêmen;
• Tabagismo e álcool: o cigarro e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas estão associados a uma menor contagem e motilidade dos espermatozoides;
• Estresse crônico: níveis elevados de estresse podem interferir nos hormônios necessários para a produção de esperma;
• Exposição ao calor: o uso de roupas muito apertadas, longos períodos sentado ou a exposição a saunas e banheiras quentes podem elevar a temperatura escrotal e prejudicar os gametas;
• Períodos prolongados sentado: passar muitas horas em frente ao computador, por exemplo, pode reduzir a motilidade total dos espermatozoides, diminuindo sua capacidade de movimento eficiente.

Como é feito o diagnóstico da qualidade do espermatozoide?

O principal exame para avaliar a fertilidade masculina é o espermograma. Trata-se de uma análise laboratorial do sêmen que mede diversos parâmetros, incluindo a concentração, a motilidade e a morfologia dos espermatozoides. No entanto, é um procedimento simples e indolor.

Para um diagnóstico preciso, geralmente são recomendadas duas ou mais coletas com um intervalo entre elas. Isso ocorre porque a qualidade do sêmen pode variar devido a fatores temporários.

Contudo, é importante ressaltar que, se o primeiro espermograma mostrar resultados alterados, há uma probabilidade de cerca de 67% de que exames posteriores confirmem essas alterações dentro de um período de seis meses, sugerindo uma estabilidade relativa na qualidade do sêmen.

De qualquer forma, a interpretação dos resultados deve ser sempre feita por um médico especialista.

Quais tratamentos estão disponíveis?

Felizmente, existem diversas opções de tratamento para alterações na qualidade seminal, que variam de acordo com a causa do problema. Sendo assim, o acompanhamento médico individualizado é essencial para definir a melhor estratégia para cada caso.

Mudanças no estilo de vida

Para muitos homens, adotar hábitos mais saudáveis pode trazer uma melhora significativa. Isso inclui manter uma dieta balanceada, parar de fumar, reduzir o consumo de álcool e gerenciar o estresse.

Além disso, praticar exercícios físicos regularmente também pode trazer uma grande melhora. No entanto, é importante buscar um equilíbrio: exercícios de intensidade moderada tendem a melhorar a qualidade do esperma ao regular hormônios e combater o estresse oxidativo, enquanto atividades muito intensas podem ter um efeito prejudicial.

Tratamentos médicos e cirúrgicos

Se a causa for uma condição específica, como a varicocele, um procedimento cirúrgico para corrigi-la pode restaurar a fertilidade. Em casos de desequilíbrios hormonais, por exemplo, a terapia de reposição hormonal pode ser indicada. O uso de medicamentos para tratar infecções também é uma abordagem comum.

Reprodução assistida como caminho para a paternidade

Quando as alterações na qualidade do sêmen são mais severas ou outros tratamentos não são eficazes, as técnicas de reprodução assistida oferecem excelentes chances de sucesso. A Fertilização In Vitro (FIV) com Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI) é uma das técnicas mais avançadas.

Na ICSI, um único espermatozoide, selecionado por sua qualidade, é injetado diretamente dentro do óvulo. Dessa forma, superamos as barreiras de baixa motilidade ou morfologia alterada, aumentando significativamente as chances de fecundação e gravidez.

Quando devo procurar um especialista?

Se você e sua parceira estão tentando engravidar há mais de um ano (ou seis meses, se a mulher tiver mais de 35 anos) sem sucesso, é hora de procurar ajuda especializada. Além disso, se você já possui um resultado de espermograma alterado, o ideal é agendar uma consulta com um especialista em reprodução humana.

Lembre-se: alterações na qualidade seminal não significam que você não poderá ter filhos. A medicina reprodutiva evoluiu muito, e hoje dispomos de tecnologia e conhecimento para ajudar a maioria dos casais a realizar o sonho de ter um bebê.

O primeiro passo para encontrar a melhor solução é buscar informação e apoio profissional qualificado. Por isso, a equipe da Huntington está aqui para acolher e orientar você em cada etapa dessa jornada!