Por quanto tempo um embrião pode ficar congelado?
Saber por quanto tempo um embrião pode ficar congelado é uma dúvida que carrega muitas esperanças e planejamentos futuros. Afinal, para quem passa por um tratamento de Fertilização In Vitro (FIV) ou planeja preservar a fertilidade, essa é uma questão central.
A resposta, baseada na ciência atual, é tranquilizadora: teoricamente, um embrião pode permanecer congelado por tempo indeterminado, sem que isso afete a sua qualidade. Saiba mais neste artigo!
Qual o limite de tempo para um embrião ficar congelado?
Do ponto de vista biológico, não existe um prazo de validade para um embrião criopreservado. Isso é possível graças a uma técnica avançada chamada vitrificação. Através desse processo, a atividade biológica dele é completamente paralisada, como se o tempo deixasse de passar.
Existem relatos de nascimentos bem-sucedidos a partir de embriões que permaneceram congelados por mais de 20 e até 30 anos. Isso demonstra que a viabilidade do embrião está muito mais ligada à sua qualidade no momento do congelamento do que ao período em que ele permanece armazenado.
A viabilidade desses embriões, mesmo após o congelamento, é tão robusta que eles podem ser descongelados e utilizados com sucesso em estudos sobre o desenvolvimento humano inicial, confirmando a capacidade da criopreservação em manter suas características para pesquisa.
Como funciona o processo de congelamento de embriões?
O congelamento de embriões é um procedimento delicado e de alta tecnologia que já é realizado há muitos anos, com total segurança.
O primeiro nascimento obtido após a transferência de embriões que estavam congelados ocorreu em 1984, quando se usava o chamado congelamento lento. Atualmente, a técnica mais utilizada é a vitrificação, um método de congelamento ultrarrápido que impede a formação de cristais de gelo dentro das células, que poderiam danificá-las.
No processo, os embriões são imersos em substâncias chamadas crioprotetores e depois submetidos a um resfriamento abrupto em nitrogênio líquido a -196°C. Nessa temperatura, todas as funções celulares são suspensas, preservando o embrião até que se decida utilizá-lo.
A suspensão da atividade celular em baixas temperaturas é crucial, pois ajuda a proteger o embrião de possíveis danos e de uma proliferação celular descontrolada, garantindo a sua viabilidade e preservação.
Além disso, é importante destacar que a resiliência dos embriões, sua capacidade de se adaptar a mudanças no ambiente e de se desenvolver, está intimamente ligada à sua flexibilidade metabólica. Esse fator é essencial para que eles sobrevivam e continuem seu desenvolvimento quando forem descongelados.
O tempo de congelamento afeta a qualidade ou a chance de gravidez?
Não, o tempo de armazenamento não diminui a qualidade do embrião nem as chances de uma futura gravidez. O fator mais determinante para o sucesso do tratamento é a qualidade do embrião no momento em que ele foi formado e congelado. Isso inclui a idade da mulher na época da coleta dos óvulos e a qualidade dos espermatozoides.
Dessa forma, um embrião de alta qualidade gerado por uma mulher de 30 anos terá o mesmo potencial de desenvolvimento se for descongelado após um, dez ou vinte anos.
Por que as pessoas decidem congelar embriões?
A decisão de congelar embriões é muito pessoal e pode ser motivada por diversas razões, mas o acompanhamento de uma equipe médica especializada é fundamental para guiar essa escolha. Algumas das situações mais comuns incluem:
- Embriões excedentes de um ciclo de FIV: quando um ciclo de fertilização gera mais embriões viáveis do que o número que será transferido, os excedentes podem ser congelados para tentativas futuras;
- Preservação da fertilidade: pessoas que passarão por tratamentos oncológicos (quimioterapia ou radioterapia) podem congelar embriões para garantir a possibilidade de ter filhos no futuro;
- Planejamento familiar: casais que desejam adiar a gravidez, mas querem garantir a qualidade dos embriões com a idade que têm no momento;
- Estudo genético do embrião: em alguns casos, é necessário congelar os embriões para aguardar o resultado de testes genéticos, como o PGT (Teste Genético Pré-Implantacional), antes da transferência para o útero.
Existem também os ciclos de fertilização in vitro em que se congelam todos os embriões para transferência no ciclo seguinte (ciclos “freeze-all”), para se evitar o risco de hiperestimulação ovariana ou conseguir um melhor preparo do útero para a transferência. Nestes casos, os embriões ficam congelados por pouco tempo, exceto os excedentes.
Segundo o Dr. Ricardo Marinho, especialista em reprodução assistida, “o congelamento de embriões pode fazer parte de uma estratégia de planejamento familiar, para que a gravidez ocorra quando o casal desejar, preservando as chances de sucesso relacionadas com idade da mulher no momento do congelamento.”
O que acontece quando decidimos usar o embrião congelado?
Quando chega o momento de usar o embrião congelado para tentar a gravidez, inicia-se um processo cuidadosamente planejado. Em resumo, ele envolve algumas etapas essenciais:
- Preparo do útero: a mulher passa por um preparo endometrial, geralmente com o uso de medicamentos hormonais, para garantir que o revestimento do útero (endométrio) esteja com a espessura e aspecto ideal para receber o embrião. Também pode ser utilizado o ciclo natural da mulher, quando ele é ovulatório e regular. Esse procedimento é acompanhado por exames seriados de ultrassom vaginal;
- Descongelamento do embrião: no dia planejado para a transferência, o embrião é retirado do nitrogênio líquido e passa pelo processo de desvitrificação, no qual ele é reaquecido cuidadosamente em laboratório;
- Transferência para o útero: após a confirmação de que o embrião sobreviveu bem ao descongelamento, ele é transferido para a cavidade uterina por meio de um procedimento simples e indolor, guiado por ultrassom.
Como a Huntington pode ajudar na sua jornada?
Entender que seus embriões estão seguros e preservados por tempo indeterminado traz a tranquilidade necessária para planejar o futuro da sua família no seu próprio ritmo. A tecnologia de vitrificação representa um dos maiores avanços da medicina reprodutiva, permitindo que sonhos sejam realizados anos depois de terem sido cuidadosamente guardados.
Na Huntington, combinamos tecnologia de ponta com um atendimento humano e personalizado, porque sabemos que cada jornada é única. Nossa equipe de especialistas está preparada para esclarecer todas as suas dúvidas e oferecer o suporte necessário em cada etapa do seu tratamento.
Se você tem embriões congelados ou está considerando a preservação da fertilidade, o diálogo com um especialista é o caminho mais seguro. Agende uma consulta para conversar com nossa equipe e entender todas as possibilidades para construir a sua família!
REFERÊNCIAS
CHEN, S. et al. Metabolic plasticity sustains the robustness of embryogenesis. EMBO Reports, [s. l.], out. 2023. DOI: https://doi.org/10.15252/embr.202357440.
POKHREL, N. et al. HREM, RNAseq and cell cycle analyses reveal the role of the G2/M-regulatory protein, WEE1, on the survivability of chicken embryos during diapause. Biomedicines, p. 779, Mar. 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/biomedicines10040779.
WEATHERBEE, B. A. T. et al. Distinct pathways drive anterior hypoblast specification in the implanting human embryo. Nature Cell Biology, Mar. 2024. DOI: https://doi.org/10.1038/s41556-024-01367-1.
YE, J. et al. High quality clinical grade human embryonic stem cell lines derived from fresh discarded embryos. Stem Cell Research & Therapy, jun. 2017. DOI: https://doi.org/10.1186/s13287-017-0561-y.