Quais os cuidados após a transferência de embriões?
A jornada da reprodução assistida, especialmente a Fertilização in Vitro (FIV), é marcada por esperança, desafios e, principalmente, um momento de grande expectativa: a transferência de embriões.
Esse é um passo crucial, no qual os embriões desenvolvidos em laboratório são cuidadosamente colocados no útero, com o objetivo de que se implantem e iniciem uma gravidez. Mas o que acontece depois? Quais são os cuidados após transferência de embriões que podem fazer a diferença?
Neste guia completo, reunimos informações detalhadas e baseadas em evidências para que você se sinta mais segura e preparada neste período. Vem descobrir “o que fazer” e “o que não fazer” após transferência de embriões!
O que é a transferência de embriões?
A transferência de embriões é o ápice de grande parte do processo de FIV. Após a estimulação ovariana, coleta dos óvulos, fertilização e cultivo em laboratório, chega o momento de transferir um ou mais embriões para o útero. Geralmente, esse procedimento é rápido e indolor, realizado com um cateter fino sob ultrassonografia.
Depois que a transferência é realizada, inicia-se o que muitos chamam de “período de espera”, que geralmente dura de 9 a 14 dias, até o teste de gravidez (Beta HCG). Essa fase é conhecida clinicamente como fase lútea, e é nela que o embrião, se tudo correr bem, irá se implantar na parede uterina.
Em resumo, é um período delicado e repleto de emoções, onde o corpo e a mente precisam de atenção especial.
A importância da fase lútea
A fase lútea é crítica porque é quando o corpo se prepara para uma possível gravidez. O endométrio (revestimento do útero) precisa estar receptivo para o embrião. Para isso, são utilizados medicamentos, como a progesterona, que ajudam a manter o ambiente uterino adequado.
Por isso, as suas ações e cuidados pós-transferência de embriões podem otimizar este ambiente, contribuindo para o sucesso da implantação.
O que fazer após a transferência de embriões?
A ansiedade é natural, mas focar em ações que promovam seu bem-estar e sigam as orientações médicas é fundamental. Lembre-se que o principal “trabalho” já foi feito pela equipe de reprodução assistida. Então, seu papel agora é cuidar de si mesma.
A seguir, separamos alguns cuidados que precisam ser tomados após transferência de embriões:
- Siga rigorosamente as medicações: a progesterona é o hormônio mais comum prescrito após a transferência, pois ajuda a engrossar o revestimento uterino e a mantê-lo nutrido para o embrião. Errar a dose ou esquecer de tomar pode comprometer o processo. Portanto, mantenha um lembrete no celular ou em um local visível;
- Repouso moderado: o conceito de “repouso absoluto” tem sido amplamente revisado. Estudos e especialistas, indicam que um repouso excessivo após transferência de embriões não aumenta as taxas de sucesso e pode até gerar mais estresse. A recomendação é evitar atividades de alto impacto, levantamento de peso e esforços extenuantes. Permita-se relaxar, assistir a filmes, ler um livro ou fazer atividades leves que não exijam esforço físico intenso;
- Hidrate-se bem: beber bastante água é importante para a saúde geral e ajuda a manter o corpo em bom funcionamento, contribuindo indiretamente para um ambiente uterino saudável;
- Mantenha a higiene, mas com cuidado: banho de chuveiro é permitido e recomendado. Contudo, evite banhos de imersão (banheira, piscinas) e duchas vaginais, pois podem aumentar o risco de infecções;
- Mantenha a mente ocupada: envolva-se em atividades relaxantes e prazerosas. Isso pode incluir leitura, assistir a filmes, ouvir música suave, meditar ou passar tempo com pessoas que te fazem bem. O foco é reduzir a ansiedade.
Alimentação e estilo de Vida
A alimentação após transferência de embriões e um estilo de vida saudável são pilares importantes para o bem-estar geral e podem apoiar o corpo neste momento delicado, embora não existam dietas “mágicas” que garantam a gravidez.
Dieta balanceada e nutritiva
Concentre-se em uma dieta rica em:
- Frutas e vegetais: fontes de vitaminas, minerais e antioxidantes que combatem o estresse oxidativo;
- Proteínas magras: peixe, frango, ovos, leguminosas e tofu são essenciais para a construção e reparo celular;
- Grãos integrais: arroz integral, aveia e pão integral fornecem energia sustentável e fibras;
- Gorduras saudáveis: abacate, nozes, sementes e azeite de oliva são importantes para a saúde hormonal;
- Ácido fólico: essencial para o desenvolvimento fetal, se a gravidez ocorrer. Muitas mulheres já fazem a suplementação antes e durante o tratamento, mas é bom reforçar com alimentos como folhas verdes escuras, lentilha e feijão.
O que evitar na alimentação e estilo de vida?
- Alimentos processados e ultraprocessados: são ricos em açúcares, gorduras trans e aditivos químicos, que podem contribuir para a inflamação;
- Cafeína em excesso: a maioria dos médicos recomenda limitar o consumo de cafeína a níveis moderados;
- Álcool e tabaco: devem ser completamente evitados, pois são prejudiciais à fertilidade e ao desenvolvimento fetal;
- Estresse: Embora difícil de evitar, técnicas de relaxamento e uma rotina tranquila podem ajudar a reduzir o estresse, que é um fator conhecido por impactar o bem-estar geral.
Como lidar com a ansiedade no período pós-transferência?
O período de espera é, sem dúvida, um dos mais desafiadores emocionalmente em todo o tratamento de FIV. Portanto, reconhecer e buscar suporte emocional é tão importante quanto os cuidados físicos.
Algumas estratégias para manejar a ansiedade são:
- Converse com sua rede de apoio: compartilhe seus sentimentos com seu parceiro(a), amigos próximos ou familiares em quem você confia. Ter alguém para ouvir sem julgamento pode ser um alívio imenso;
- Procure apoio profissional: terapeutas especializados em fertilidade podem oferecer ferramentas e estratégias para lidar com a ansiedade, o estresse e as expectativas. Não hesite em procurar ajuda;
- Pratique técnicas de relaxamento: meditação guiada, exercícios de respiração profunda, yoga suave (com liberação médica) e mindfulness podem ajudar a acalmar a mente e o corpo;
- Mantenha-se ocupada, mas sem sobrecarga: encontre um equilíbrio entre atividades que distraiam e momentos de descanso. Lembre-se, o objetivo é desviar o foco da espera constante, não ignorar seus sentimentos;
- Permita-se sentir: é normal se sentir ansiosa, esperançosa, feliz ou triste. Não se culpe por suas emoções. O importante é processá-las de forma saudável.
Sintomas comuns e quando procurar seu médico
Após a transferência de embriões, é comum que muitas mulheres fiquem atentas a cada pequena mudança no corpo, procurando por sintomas que possam indicar sucesso ou fracasso.
Contudo, é crucial destacar que a maioria dos sintomas pode ser tanto resultado da medicação hormonal quanto de uma possível gravidez.
Geralmente, os sintomas comuns são:
- Leves cólicas ou pontadas: podem ser decorrentes da implantação do embrião ou simplesmente da ação da progesterona;
- Pequeno sangramento (spotting) ou corrimento rosado/amarronzado: conhecido como sangramento de nidação, pode ocorrer quando o embrião se fixa na parede uterina. No entanto, nem todas as mulheres o experimentam, e a ausência dele não significa que a implantação não ocorreu;
- Seios sensíveis ou inchados: efeito comum da progesterona;
- Inchaço abdominal: também pode ser um efeito colateral da medicação;
- Fadiga ou cansaço: hormonalmente induzido ou parte da ansiedade;
- Alterações de humor: resultante das flutuações hormonais e do estresse do período.
Quando procurar seu médico imediatamente?
Embora a maioria dos sintomas seja comum, algumas situações exigem atenção médica urgente. De qualquer forma, as dúvidas após transferência de embriões devem sempre ser esclarecidas com sua equipe médica.
Os sinais preocupantes são:
- Sangramento vaginal intenso ou com coágulos: diferente de um leve escape;
- Dor abdominal forte ou severa: que não alivia com analgésicos comuns;
- Febre (temperatura corporal acima de 38°C): pode indicar uma infecção;
- Náuseas ou vômitos persistentes: especialmente se você não conseguir reter líquidos;
- Inchaço súbito e severo, dificuldade para respirar ou dor na perna: podem ser sinais de complicações mais sérias, como a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO) ou trombose, embora raras.
Preparando-se para o teste de gravidez (Beta HCG)
A espera pelo resultado do Beta HCG é, para muitos, o período mais angustiante. Afinal, é o momento de colher os frutos de todo o esforço e dedicação.
Ainda assim, é fundamental resistir à tentação de fazer testes de farmácia antes da data estipulada pelo seu médico, pois eles podem não ser sensíveis o suficiente para detectar o hormônio HCG tão cedo, resultando em um falso negativo que pode causar uma angústia desnecessária. O exame de sangue (Beta HCG) é o mais preciso e confiável, pois mede a quantidade exata do hormônio da gravidez.
Após a espera, se o resultado for positivo, é um momento de grande alegria! Seu médico irá orientar os próximos passos, que geralmente incluem exames de acompanhamento e ultrassonografias para confirmar a evolução da gravidez.
No entanto, se o resultado for negativo, é uma notícia difícil e é normal sentir-se triste, frustrada ou desapontada. Portanto, permita-se vivenciar essas emoções! Converse com seu parceiro(a), busque apoio emocional e discuta com seu médico as próximas etapas e as opções disponíveis.
E se estiver em busca de um atendimento personalizado e acolhedor, agende uma consulta na Clínica Huntington e converse com especialistas experientes e bem preparados!