Poder de escolha: saiba se o congelamento de óvulos é para você
Informações para ajudar as mulheres a decidirem se o congelamento de óvulos é a escolha certa para elas, levando em consideração seus objetivos de vida e saúde reprodutiva.
O congelamento de óvulos é uma técnica que permite preservar a fertilidade feminina, oferecendo à mulher a possibilidade de planejar a maternidade de acordo com seus objetivos pessoais e profissionais. A prática ainda é mais associada a pacientes que enfrentam tratamentos contra doenças imunológicas ou câncer, no entanto cresce o número de mulheres que não tem um previsão de quando poderão ser mães.
Em 2023, segundo Valeri (2024) para o Jornal da USP, o Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), da Anvisa, registrou o congelamento de 115.318 embriões no País, um aumento de 32,8% em comparação a 2020, que registrou 86.833 procedimentos.
O procedimento consiste na coleta dos óvulos, que são rapidamente resfriados por meio da vitrificação — um método de congelamento ultrarrápido — e armazenados em nitrogênio líquido a uma temperatura de -196 °C. Nessa condição, os óvulos permanecem preservados com qualidade por tempo indeterminado, podendo ser utilizados em tentativas futuras de gestação.
Por que falar em planejamento reprodutivo importa?
Durante muito tempo, a maternidade, apesar de ser um grande privilégio e catalisador de excelentes experiências, foi considerada o maior e único grande objetivo da vida de uma mulher. Até algumas décadas atrás, a completude da vida adulta esteve associada à decisão de ter filhos.
Nesse sentido, conforme a mulher avançou no mercado de trabalho e passou a pleitear direitos civis, entre outras experiências até então exclusivas ao gênero masculino, a maternidade se tornou apenas uma das possibilidades. Não apenas o único caminho ou estilo de vida possível.
A autonomia reprodutiva e a liberdade de decisão no planejamento familiar colocam em xeque diversas estruturas sociais: trabalho de cuidado não remunerado, desigualdades salariais, a busca por qualificação profissional e acadêmica, além de pressões e julgamentos internos e externos ao indivíduo.
Dessa forma, com o avanço da tecnologia e dos estudos na área da medicina reprodutiva, o congelamento de óvulos se torna uma estratégia cada vez mais difundida e conhecida para mulheres que desejam engravidar, mas que precisam ou querem priorizar suas carreiras e outras áreas de suas vidas.
Como tomar a decisão: congelar os óvulos é a escolha certa para você?
O incentivo ao congelamento de óvulos visa principalmente diminuir a pressão sobre a mulher quanto à maternidade.
Em entrevista para a Revista Cria, a ex-BBB Amanda Djehdian contou sobre sua decisão de realizar o congelamento de óvulos. Em um relacionamento de 8 anos, destaca como sonhar junto com seu parceiro sobre a construção de uma família tem sido importante. Ainda que ambos desejem ter filhos, não se tratava se uma mudança imediata. Aos 35 anos, a empresária contou como tem cuidado de seu bem-estar de forma integral com exercícios, alimentação equilibrada e acolhimento da sua saúde física mental pela rede de apoio – família, amigos, e equipe médica.
Este é um bom exemplo de como deve ser o processo para cada mulher avaliar se o congelamento de óvulos é algo que se encaixa ou não em sua realidade.
Primeiro, tenha clareza quanto ao planejamento familiar. Como está seu planejamento de carreira? Quais decisões que pretendem ser tomadas a médio e longo prazo? Quais são as expectativas de seu parceiro?
Além do futuro, é importante realizar uma avaliação da saúde reprodutiva, tanto individual como do casal. Ainda segundo a Revista, é incomum que ginecologistas tratem do congelamento de óvulos por uma questão cultural: normalmente, se fala muito sobre evitar gravidez indesejada. Portanto, vale levantar em sua consulta um pedido de que acompanhe a reserva ovariana.
Por fim, caso se decida pela realização do congelamento de óvulos, é preciso que se realize um planejamento financeiro e a preparação do organismo para garantir que os óvulos coletados sejam da “melhor qualidade”. O congelamento inclui aplicação de hormônios – e ainda que costumem ocorrer poucos efeitos colaterais – a indução da ovulação envolve uma preparação da paciente junto a equipe médica.
O papel do aconselhamento médico e psicológico
É importante lembrar que a conversa sobre fertilidade não envolve apenas fatores físicos, mas também emocionais, psicológicos, financeiros e sociais. Portanto, o papel dos profissionais de saúde na conscientização sobre o assunto é um instrumento essencial para que a maternidade permaneça no campo do amor, não da pressão ou da urgência.
Segundo o Dr. Maurício Chehin, especialista em reprodução do Grupo Huntington, pacientes podem congelar óvulos em qualquer idade. No entanto, o ideal é que o procedimento seja realizado até os 35 anos de idade. Quanto mais jovem, melhor é a qualidade dos óvulos. A partir dos 30 anos, costuma ser o momento ideal para avaliar que lugar a decisão de engravidar ocupa no futuro vislumbrado pela paciente.
Chehin ainda explica a praticidade do procedimento à Revista Cria: “A paciente dorme e não sente absolutamente nada. O procedimento dura, em média de 20 a 30 minutos, realizado por meio de ultrassom transvaginal”.
Para mulheres com endometriose, câncer ou que estejam realizando outros tratamentos diversos, às vezes o congelamento de óvulos pode ser a principal alternativa indicada pelos médicos. Estas costumam ser causas comuns de baixa reserva ovariana ou queda mais acelerada. Por isso, antes de decidir e para avaliar o momento ideal do tratamento, a opinião de um especialista em reprodução assistida é essencial.
Escolher com consciência: alguns passos até o congelamento de óvulos
Agora que você já tem uma boa noção de alguns fatores que envolvem a decisão de começar um tratamento para congelamento de óvulos, salva essa checklist:
Planejamento familiar
É a hora de realizar conversas francas sobre expectativas e desejos do casal Momento de pensar sobre o relacionamento. Caso sua intenção seja a maternidade solo, vale a conversa com aqueles(as) que exercerão papel de rede de apoio.
Agende uma consulta
Procure um especialista para avaliação de fertilidade. Nas unidades Huntington você encontra atendimento humanizado e de alta qualidade.
Faça exames
O profissional consultado irá pedir uma série de avaliações hormonais, com ênfase no antimulleriano e uma ultrassom transvaginal para contagem dos folículos. Não procrastine esta etapa importante.
Faça um check-up ginecológico
Avalie todos os possíveis fatores de risco, infecções, problemas de saúde diversos, doenças sexualmente transmissíveis, miomas, endometriose, entre outros.
Evite este erro comum
Ao tratar dessas recomendações, a Dra. Cláudia Gomes alerta que fertilidade é diferente de reserva ovariana. Portanto, se seus resultados forem positivos ou acima da média, não descarte o congelamento. A fertilidade inclui diversos outros fatores, além disso, congelar os óvulos é indicado para todas as mulheres que não possuem maternidade como plano a curto prazo.
Congelamento de óvulos como ferramenta de autonomia
A escolha por congelar os óvulos abre uma série de caminhos. Sempre há a possibilidade de descartar o material genético posteriormente, caso não sejam mais necessários. Dentre as modalidades, a paciente pode optar por gerar um embrião com seu parceiro ou de forma solo, com o auxílio de um banco de sêmen. Com a criação de tantas opções, o arrependimento por não fazer o congelamento costuma ser muito maior.
Em suma, a indecisão sobre o momento de gerar filhos ou não é comum a muitas mulheres. Congelamento de óvulos implica em aliviar o estresse pela pressão do “relógio biológico”. O procedimento promove maiores chances de engravidar ao seu “eu do futuro”, proporcionando a você maior controle e independência sobre sua capacidade reprodutiva.
Por isso, te fazemos um convite. Desejamos convidar o público a pensar sobre a importância de pensar sobre o planejamento reprodutivo, como gesto de liberdade, tranquilidade e autonomia. Junte-se ao Grupo Huntington na campanha #TrintouCongelou. Conheça mais sobre o assunto através de nossas redes sociais e materiais educativos.
REFERÊNCIAS
BLOG HUNTINGTON. Guia de congelamento de óvulos. 2022. Disponível em: https://www.huntington.com.br/blog/guia-de-congelamento-de-ovulos/ . Acesso em: 22 abr. 2025.
GRUPO HUNTINGTON. Você no controle: congelamento de óvulos e a tranquilidade para escolher a maternidade no melhor momento da sua vida. Revista Cria. 5. ed. São Paulo: Grupo Huntington, 2024. Disponível em: https://www.calameo.com/read/0077675224db0a1dfeba4 . Acesso em: 22 abr. 2025.
GRUPO HUNTINGTON. Trintou, congelou: conheça a história de Amanda Djehdlan, vice-campeã do BBB15, que congelou seus óvulos na Huntington. Revista Cria. 6. ed. São Paulo: Grupo Huntington, 2025. Disponível em: https://www.calameo.com/read/007767522cc11edb90011 . Acesso em: 22 abr. 2025.
VALERI, Julia. Aumenta a procura por congelamento de óvulos no Brasil, mesmo com custo elevado. Jornal da USP, Atualidades. 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/aumenta-a-procura-por-congelamento-de-ovulos-no-brasil-mesmo-com-custo-elevado/ . Acesso em: 22 abr. 2025.
Imagens:
Jonathan Borba, Unplash.com.
Warren H. Lewis, Anatomia do Corpo Humano de Gray. 20. ed. Filadélfia, NY: Lea & Febiger, 1918. bartleby.com, 2000.
Suzane Lopes para Revista Cria, @movimento1989
