Oncofertilidade: mitos e verdades que você precisa saber
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Oncofertilidade: mitos e verdades que você precisa saber

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Enfrentar um diagnóstico de câncer envolve muitas decisões em um período de grande incerteza. Para quem está em idade reprodutiva, incluindo adolescentes e adultos jovens e deseja ter filhos biológicos no futuro, a oncofertilidade surge como um conhecimento fundamental.

Afinal, essa especialidade médica tem como objetivo principal proteger o potencial reprodutivo diante de tratamentos que possam comprometer a fertilidade, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias.

Por isso, desvendar mitos e apresentar as verdades sobre oncofertilidade ajuda pacientes e familiares a tomar decisões informadas. Aprenda com o blog da Huntington como as possibilidades para equilibrar o combate ao câncer com o sonho de formar ou ampliar uma família.

O que é Oncofertilidade?

Oncofertilidade é o campo que une oncologia e medicina reprodutiva. Ela surgiu para oferecer soluções que preservem óvulos, espermatozoides ou tecidos antes do início de terapias capazes de danificar o sistema reprodutor.

Segundo a conforme National Library of Medicine, as taxas de sobrevivência de adolescentes e jovens adultos com câncer aumentam, espera-se que sua saúde reprodutiva seja preservada sempre que possível.

Para mulheres que passam pelos quimioterápicos e irradiações, isso pode reduzir a reserva ovariana ou até antecipar a menopausa. Nos homens, os mesmos tratamentos podem afetar a produção de espermatozoides e a função testicular.

Além disso, tem sido registrado um aumento de casos de câncer entre jovens nas últimas décadas, tornando a discussão sobre Oncofertilidade ainda mais importante.

Em um estudo publicado em 2022 na Revista Acervo Saúde, em todo o mundo, cerca de 1,7 milhão de mulheres com menos de 50 anos são diagnosticadas com câncer anualmente. Dentro deste grupo, 5% afetam jovens com idade aproximada de 35 anos, ou seja, no seu auge reprodutivo. Ou seja, câncer é uma doença grave, no entanto é possível observar que cada vez menos rara.

A oncofertilidade busca mitigar esses efeitos sem atrasar decisões oncológicas fundamentais, garantindo qualidade de vida e a possibilidade de gravidez futura.

MITO: Todo paciente oncológico ficará infértil

Muitos acreditam que receber um diagnóstico de câncer significa, automaticamente, perder a capacidade de gerar filhos. Essa visão pode gerar angústia e desespero, afastando a ideia de buscar opções de preservação antes do começo do tratamento.

Na verdade, nem todos os protocolos oncológicos levam à infertilidade permanente. Em inúmeros casos, pacientes mantêm função reprodutiva normal e concebem de forma espontânea após adquirir o status de “sobrevivente”.

Para outros, a perda de fertilidade é apenas temporária: algumas mulheres retomam a produção de óvulos semanas ou meses depois da quimioterapia, assim como homens voltam a apresentar espermatozoides no sêmen com o passar do tempo.

A infertilidade definitiva ocorre em situações de tratamentos mais agressivos, como radioterapia pélvica em altas doses e mesmo nesses cenários podem ser avaliadas técnicas de preservação que minimizam o impacto reprodutivo.

MITO: A preservação de fertilidade atrasa ou prejudica o tratamento contra o câncer

Existe o receio de que a tomada de hormônios para estimular os ovários ou procedimentos cirúrgicos para resgatar tecido ovariano atrasem o início da quimioterapia ou radioterapia, comprometendo o sucesso oncológico.

No entanto, avanços nas técnicas de preservação tornaram possíveis métodos mais ágeis e menos invasivos. O protocolo “start random” permite iniciar a estimulação ovariana em qualquer fase do ciclo menstrual, reduzindo o tempo de espera para cerca de 10 a 12 dias.

A criopreservação de sêmen, por sua vez, exige apenas algumas coletas em dias consecutivos. Esses passos não atrasam significativamente a quimioterapia ou a radioterapia, desde que bem coordenados pela equipe multidisciplinar. Não há evidência de que os próprios procedimentos de preservação comprometam a eficácia do tratamento oncológico.

MITO: É perigoso engravidar após o câncer (para a mãe ou para o bebê)

Tanto pacientes quanto médicos chegam a questionar se a gravidez após o combate ao tumor pode aumentar riscos à saúde da mulher ou causar problemas no desenvolvimento do feto.

Estudos indicam que, depois de um período de espera recomendado pelo oncologista – que varia conforme o tipo de tumor e o esquema quimioterápico –, não há aumento de malformações congênitas nem problemas de saúde nos bebês concebidos. A gravidez também não parece elevar as chances de recidiva do câncer. O principal cuidado está em monitorar a saúde da mãe e evitar exposições a agentes quimioterápicos e radiação durante a gestação. Na prática, para a maioria das sobreviventes, ter filhos após o câncer é uma opção real e segura.

MITO: A criopreservação garante a gestação futura

Alguns enxergam o congelamento de óvulos, embriões ou sêmen como uma certeza de gravidez em qualquer momento da vida, sem considerar variáveis como qualidade das amostras ou saúde de quem as utilizou.

A criopreservação amplia bastante as probabilidades de ter filhos, mas não oferece 100% de garantia. No caso da Fertilização In Vitro em mulheres saudáveis, é preciso levar em consideração diversos fatores. Além da receptividade embrionária, deve haver um equilíbrio entre a melhor qualidade e quantidade possíveis.

Portanto, é fundamental manter expectativas realistas e enxergar as técnicas de reprodução assistida como um recurso que otimiza suas alternativas. O processo de tratamento de fertilidade pode ser muito desgastante do ponto de vista emocional, por isso o paciente precisa de uma rede de apoio firme e de uma equipe médica multidisciplinar de confiança.

Principais Técnicas de Oncofertilidade

A oncofertilidade reúne diversas técnicas que buscam preservar a capacidade reprodutiva de pacientes com câncer.

Para mulheres, a criopreservação de óvulos, também chamado de congelamento de óvulos, é uma das opções mais comuns: consiste na estimulação ovariana, seguida da coleta dos óvulos sob sedação e seu congelamento por vitrificação, permitindo uso futuro.

Para os homens, o método mais utilizado é a criopreservação de sêmen. Trata-se de uma alternativa simples e eficaz. O congelamento consiste na coleta repetida de amostras antes do início do tratamento e armazenamento em longo prazo.

Outra alternativa é a criopreservação de embriões, ou seja, o congelamento após a união de espermatozoide e óvulo. Nesse caso, é necessário ter um parceiro ou escolher uma gameta do banco de semens.

Principalmente para mulheres que tratam de câncer de mama, a National Library of Medicine traz um estudo sobre a possibilidade de suprimir temporariamente a função ovariana com medicamentos hormonais durante a quimioterapia, protegendo os óvulos do impacto direto da medicação.  No entanto, especialmente essa modalidade de tratamento pode trazer efeitos colaterais, como ondas de calor, depressão, comprometimento cognitivo, osteoporose, disfunção sexual e ganho de peso. Por isso, converse com seu médico e entenda seu caso antes de tomar qualquer decisão.

Em casos específicos, pode-se optar pela criopreservação de tecido ovariano, realizada por videolaparoscopia, que permite transplantes futuros ou maturação in vitro.

Enquanto isso, através de solução cirúrgica, a transposição de ovários (ooforopexia ou transposição ovariana) desloca essas glândulas da área de irradiação pélvica, reduzindo os danos causados pela radioterapia. Como qualquer procedimento cirúrgico, também envolve alguns riscos quanto à recuperação.

Para crianças que ainda não chegaram até à puberdade, as estratégias precisam ser adaptadas: em meninas, a principal opção é preservar o tecido ovariano por meio de procedimentos cirúrgicos. Entre em meninos, pesquisas avançam na técnica de congelamento do tecido testicular, embora ainda não haja consenso clínico consolidado.

Todas essas abordagens representam um esforço conjunto entre oncologistas e especialistas em reprodução assistida, com o objetivo de manter aberta a possibilidade de formar uma família após a jornada contra o câncer.

Nossa clínica oferece uma equipe multidisciplinar – médicos, embriologistas, psicólogos e nutricionistas – pronta para orientar e acolher você em todas as fases do tratamento. A Huntington busca ajudar você a realizar esse projeto com segurança e informação.

REFERÊNCIAS

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Preservação da fertilidade e quimioterapia: uma revisão integrativa Fertility preservation and chemotherapy: an integrative review Preservación de la fertilidad y quimioterapia: una revisión integrativa Ana Clara Veloso de Assis 1 *, Danielle Mendonça Jatobá1 , Guilherme Brasil Maia2 , Raissa Rego de Araujo1 , Sheyla Mendes de Sousa1 , Brenda Tayrine Tavares Souza1 , Albênica Paulino dos Santos Bontempo1 . REAS | Vol.15(1) | DOI: https://doi.org/10.25248/REAS.e9640.2022

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SENA, Clarice; ABRIL SAÚDE. Transposição ovariana: o que é e quando é indicada. Revista Saúde, 2 jun. 2025. Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/transposicao-ovariana-o-que-e-e-quando-e-indicada/. Acesso em: 17 set. 2025.

Autores

  • Dra. Sofia Andrade

    Dra. Sofia Andrade é médica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Fez residência em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista em Reprodução Humana pela Universidad Rey Juan Carlos, em Madrid. Realizou Fellowship em Histeroscopia Diagnóstica e Cirúrgica em Barcelona. Conheça mais de Dra. Sofia Andrade.

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