
Blastocisto: entenda a fase do embrião na FIV
A jornada para a parentalidade por meio da Fertilização In Vitro (FIV) é repleta de expectativas e esperança. Dentro desse processo, a fase do blastocisto representa um momento crucial, onde o embrião atinge um estágio de desenvolvimento avançado.
Compreender essa etapa é essencial para casais em tratamento, pois ela impacta diretamente as chances de sucesso de uma gravidez.
Na Huntington, entendemos a profundidade desse sonho e a importância de cada detalhe. Por isso, oferecemos informações claras e um cuidado humanizado para que você se sinta seguro e bem informado em cada passo.
O que é o blastocisto e qual sua importância no processo da FIV?
O blastocisto é o estágio de desenvolvimento embrionário que ocorre entre o quinto e o sétimo dia após a fertilização do óvulo. Nesse ponto, o embrião já passou por diversas divisões celulares, evoluindo de uma única célula para uma estrutura mais complexa e organizada.
É uma fase fundamental, pois a capacidade de um embrião atingir o estágio de blastocisto no laboratório indica uma maior probabilidade de ele ter viabilidade e potencial para implantação no útero.
Como o blastocisto se forma?
Após a fertilização, o zigoto (óvulo fecundado) começa a se dividir. Nos primeiros dias, ele se transforma em mórula, um aglomerado de células que se assemelha a uma amora. Por volta do quinto dia, as células continuam se dividindo e se organizando para formar o blastocisto.
Esse processo de desenvolvimento, que replica o que aconteceria naturalmente no corpo, é cuidadosamente monitorado em laboratório de embriologia com tecnologia avançada e por uma equipe altamente especializada.
Segundo o Dr. Rafael Lacordia, especialista em reprodução assistida, “esse método permite uma observação mais precisa e de uma forma não invasiva, já que os embriões não são retirados da incubadora para análise, como ocorre no método convencional. Com esse sistema, eles só saem no momento de transferência para o útero. Ajuda a selecionar o melhor e também causa menos estresse ao embrião.”
Qual a estrutura do blastocisto?
O blastocisto possui uma estrutura bem definida, essencial para a implantação e o desenvolvimento fetal. É composto por duas regiões principais:
- Massa celular interna (MCI): Grupo de células que dará origem ao feto.
- Trofectoderma: Camada externa de células que formará a placenta e outras membranas de suporte durante a gravidez.
Além disso, o blastocisto possui uma cavidade interna cheia de líquido, conhecida como blastocele. Essa organização permite que o embrião se fixe e se nutra no útero.
Por que a transferência de blastocistos é uma estratégia na FIV?
A transferência de embriões no estágio de blastocisto é uma técnica amplamente utilizada na FIV, pois oferece vantagens significativas. Essa estratégia permite uma seleção mais natural dos embriões com maior potencial de implantação.
Transferir o embrião nesse estágio avançado, geralmente após 5 a 7 dias de desenvolvimento, permite selecionar os embriões mais viáveis, aumentando as chances de gravidez na FIV.
É importante lembrar que a decisão sobre o momento da transferência é sempre individualizada e feita em conjunto com a equipe médica, considerando o histórico clínico e o perfil de cada paciente.
Assista ao vídeo a seguir e entenda o passo a passo da Fertilização in Vitro.
Quais as vantagens de transferir o embrião no estágio de blastocisto?
A transferência de embriões em estágio de blastocisto, geralmente no quinto ou sexto dia de desenvolvimento, oferece diversos benefícios:
Seleção natural de embriões
Apenas os embriões mais fortes e viáveis conseguem atingir o estágio de blastocisto no laboratório. Isso permite que a equipe de embriologia selecione os embriões com maior potencial para implantação.
Maior taxa de implantação
Embriões que chegam ao estágio de blastocisto demonstram maior capacidade de se desenvolver e, consequentemente, têm taxas de implantação mais elevadas no útero materno.
A escolha de blastocistos mais desenvolvidos e com boa qualidade morfológica, por exemplo, pode elevar as chances de implantação e gravidez para quase 70% na Fertilização in Vitro.
Aumento da chance de nascimento
A transferência de embriões na fase de blastocisto não só contribui para uma taxa mais alta de nascimentos vivos por transferência, mas também está associada a um menor risco de perda gestacional.
Comparado à transferência em estágios mais iniciais (2 ou 3 dias), a transferência de embriões no quinto ou sexto dia de desenvolvimento aumenta as chances de nascimento de bebês.
Além disso, observa-se que a transferência de blastocistos frescos, ou seja, não congelados, na Fertilização in Vitro, pode resultar em uma discreta melhora na taxa de nascidos vivos.
Sincronização com o útero
O útero está mais receptivo à implantação do embrião por volta do quinto dia de desenvolvimento, o que melhora as chances de sucesso.
Redução do risco de gravidez múltipla
Com a seleção de embriões de melhor qualidade, muitas vezes é possível transferir um número menor de embriões (frequentemente apenas um), diminuindo os riscos associados à gravidez gemelar ou múltipla.
O Dr. Rafael Lacordia afirma que “transfere-se apenas um embrião para evitar a gestação múltipla, que é o maior dos fatores de risco para a prematuridade e baixo peso.”
Há alguma desvantagem na transferência de blastocistos?
Embora a transferência de blastocistos ofereça muitas vantagens, é importante considerar que nem todos os embriões conseguem atingir esse estágio de desenvolvimento no laboratório. Isso significa que, em alguns casos, pode haver um número reduzido de embriões para a transferência ou, em situações mais raras, nenhum embrião pode chegar a essa fase.
A equipe da Huntington monitora cada caso de perto, garantindo que as decisões sejam tomadas com base no interesse e nas condições clínicas de cada paciente.
Como os blastocistos são classificados?
A classificação do blastocisto é um fator importante na escolha do embrião a ser transferido. Os embriologistas fazem essa avaliação e consideram critérios específicos de qualidade.
A aparência do blastocisto está diretamente ligada ao seu potencial de implantação, e uma boa classificação geralmente indica maiores chances de sucesso.
Entenda a classificação de Gardner
Uma das classificações mais utilizadas para blastocistos é a escala de Gardner e Schoolcraft. Ela avalia três aspectos:
- Grau de expansão: Mede o tamanho da blastocele (a cavidade interna) e o grau de “eclosão” (saída do embrião da sua camada protetora, a zona pelúcida). A escala vai de 1 (blastocisto inicial) a 6 (blastocisto eclosionado).
- Qualidade da massa celular interna (MCI): Avalia a aparência das células que darão origem ao feto. Classificada de A (excelente) a C (baixa qualidade).
- Qualidade do trofectoderma: Analisa a aparência das células que formarão a placenta. Também classificada de A (excelente) a C (baixa qualidade).
Um embrião classificado como 4AA, por exemplo, indica um blastocisto expandido com massa celular interna e trofectoderma de excelente qualidade.
O Dr. Rafael Lacordia complementa que “essa ferramenta nos permite dizer qual embrião é o melhor, mesmo que eventualmente outros tenham a mesma nota morfológica. Posso atribuir, além desta, também uma nota morfocinética. É uma nova avaliação, mais completa.”
O que é blastocisto euploide e por que é relevante?
A euploidia refere-se a um embrião que possui o número correto de cromossomos (46). Um blastocisto euploide tem um potencial significativamente maior de resultar em uma gravidez bem-sucedida e saudável, com menor risco de aborto espontâneo e anomalias cromossômicas.
Esta é uma consideração importante para casais que buscam otimizar as chances de um resultado positivo e minimizar riscos.
Qual o papel do teste genético pré-implantacional (PGT-A)?
O Teste Genético Pré-Implantacional para Aneuploidias (PGT-A), anteriormente conhecido como PGS, é uma técnica que analisa geneticamente o blastocisto antes da transferência. Ele identifica se o embrião possui o número correto de cromossomos, ou seja, se é euploide.
Ao transferir apenas blastocistos euploides, é possível aumentar as taxas de implantação, reduzir as chances de aborto e diminuir o risco de ter um bebê com doenças cromossômicas, como a Síndrome de Down.
Na Huntington, essa opção é discutida individualmente com cada paciente, quando indicada.
Além da transferência: o que acontece com os blastocistos excedentes?
Muitas vezes, após a transferência embrionária, sobram blastocistos de boa qualidade. Dessa forma, os embriões excedentes podem ser criopreservados (congelados) para uso futuro, oferecendo novas oportunidades de gravidez sem a necessidade de um novo ciclo completo de estimulação ovariana.
Como funciona a criopreservação de blastocistos?
A criopreservação de blastocistos é realizada por meio de uma técnica avançada chamada vitrificação. Esse método ultrarrápido evita a formação de cristais de gelo, que poderiam danificar as células embrionárias.
Em seguida, os blastocistos são armazenados em nitrogênio líquido a temperaturas extremamente baixas, podendo permanecer viáveis por muitos anos.
Assim, quando o casal decide usar os embriões criopreservados, eles são descongelados e transferidos para o útero, em um processo simplificado e menos invasivo que um ciclo de FIV completo.
Qual o papel da equipe especializada da Huntington nesse processo?
Na Huntington, cada etapa do seu tratamento é conduzida com excelência, rigor científico e, acima de tudo, um atendimento humano e personalizado. Nossa equipe de embriologistas e médicos especialistas possui vasta experiência e utiliza as mais modernas tecnologias para otimizar suas chances de sucesso.
Nosso laboratório de embriologia é equipado com tecnologia de ponta, permitindo o cultivo embrionário até o estágio de blastocisto em condições ideais. Além disso, nossa abordagem é pautada na ética, no comprometimento e na dedicação, visando sempre o seu bem-estar e o de sua futura família.
Se você tem dúvidas sobre o blastocisto ou qualquer etapa do tratamento de FIV, nossa equipe está pronta para acolher e esclarecer. Agende uma consulta para que possamos construir, juntos, o caminho para fazer dos sonhos a vida.
REFERÊNCIAS
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