Menopausa precoce: é possível engravidar?
Receber o diagnóstico de menopausa precoce pode ser um momento de grande incerteza, especialmente para quem sonha com a maternidade.
Também conhecida como falência ovariana prematura (FOP), a condição se caracteriza pela interrupção da função dos ovários antes dos 40 anos, seja de forma natural ou por cirurgia. Estima-se que ela afete cerca de 1% da população feminina nessa faixa etária, trazendo consigo muitas dúvidas sobre o futuro da fertilidade.
A boa notícia é que, embora a condição apresente desafios, a medicina reprodutiva avançou significativamente. Hoje, existem caminhos viáveis e seguros para realizar o sonho de ter um filho. Compreender o que é a menopausa precoce e quais são as opções de tratamento é o primeiro passo na jornada de esperança e planejamento.
O que é a menopausa precoce?
A menopausa precoce ocorre quando os ovários de uma mulher deixam de funcionar adequadamente antes dos 40 anos de idade. Essa condição, também conhecida como insuficiência ovariana prematura, significa que a atividade dos ovários está comprometida muito antes do esperado.
Esse processo interrompe a liberação de óvulos (ovulação) e a produção de hormônios como o estrogênio. Como resultado, os ciclos menstruais se tornam irregulares até cessarem completamente.
Nessa situação, os ovários param de produzir óvulos anos antes do esperado. Assim, a gravidez natural se torna impossível após 12 meses sem menstruação, um fator importante para as mulheres que desejam engravidar.
Quais são as principais causas da menopausa precoce?
As causas da falência ovariana prematura nem sempre são claras, mas podem estar associadas a diversos fatores. Em muitos casos, a origem é considerada idiopática, ou seja, desconhecida. No entanto, algumas das causas mais comuns incluem:
- Fatores genéticos: histórico familiar de menopausa precoce ou síndromes genéticas, como a Síndrome de Turner;
- Doenças autoimunes: condições em que o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do corpo, incluindo os ovários, como doenças da tireoide e lúpus;
- Tratamentos médicos: quimioterapia e radioterapia pélvica, utilizadas no tratamento de câncer, podem danificar o tecido ovariano;
- Cirurgias ovarianas: procedimentos cirúrgicos que removem ou afetam os ovários também podem levar à condição.
Quais sintomas podem indicar a menopausa precoce?
Os sintomas da menopausa precoce são semelhantes aos da menopausa natural, mas sua aparição antes dos 40 anos serve como um sinal de alerta. Portanto, é fundamental procurar um especialista ao notar qualquer um deles. Os principais sinais são:
- Menstruação irregular: ciclos que se tornam mais curtos, mais longos ou ausentes por vários meses;
- Ondas de calor (fogachos): sensação súbita e intensa de calor no rosto e no corpo;
- Alterações de humor: irritabilidade, ansiedade e sintomas depressivos;
- Secura vaginal: desconforto durante a relação sexual e diminuição da lubrificação;
- Diminuição da libido: redução do desejo sexual;
- Dificuldade para dormir: insônia ou despertares noturnos frequentes.
Como a menopausa precoce afeta a fertilidade?
A fertilidade feminina está diretamente ligada à saúde e função dos ovários. Na menopausa precoce, a reserva ovariana, que é o “estoque” de óvulos da mulher, diminui drasticamente. Sendo assim, com menos óvulos disponíveis e de menor qualidade, a ovulação se torna rara ou inexistente.
Dessa forma, as chances de uma concepção natural se tornam muito reduzidas. A ausência de ovulação impede que o encontro entre o óvulo e o espermatozoide aconteça, tornando a gravidez espontânea um evento extremamente improvável para a maioria das mulheres com este diagnóstico.
É possível engravidar com menopausa precoce?
Apesar dos desafios, a resposta é sim, é possível realizar o sonho da maternidade após o diagnóstico de menopausa precoce. A jornada pode exigir um caminho diferente do natural, mas as técnicas de reprodução assistida oferecem alternativas eficazes e seguras para construir uma família.
A gravidez natural é uma possibilidade?
Embora seja muito raro, algumas mulheres com falência ovariana prematura podem apresentar uma função ovariana intermitente, com ovulações esporádicas.
Estudos mostram que entre 5% e 10% das mulheres diagnosticadas com menopausa precoce podem engravidar de forma natural, embora os tratamentos convencionais para infertilidade geralmente não sejam eficazes para a maioria. No entanto, essa não é uma via confiável e não deve ser a principal fonte de esperança para quem deseja engravidar.
Para as mulheres com insuficiência ovariana primária de origem autoimune, um diagnóstico feito logo no início da condição pode aumentar as chances de gravidez. Isso ocorre porque, nos primeiros anos, a função ovariana pode ainda estar flutuando, oferecendo uma janela de oportunidade para a concepção.
Quais tratamentos de reprodução assistida são indicados?
Para mulheres com menopausa precoce, o tratamento mais indicado e com as maiores taxas de sucesso é a Fertilização In Vitro (FIV) com óvulos doados. Esse procedimento é conhecido como ovodoação.
O processo funciona da seguinte forma: um óvulo de uma doadora anônima e saudável é fertilizado em laboratório com o sêmen do parceiro ou de um doador. O embrião resultante é transferido para o útero da mulher que recebeu o diagnóstico, que passará por uma preparação para acolher o embrião e levar a gestação adiante.
Vale destacar que, na ovodoação, a mulher que recebe o embrião é quem gera, dá à luz e amamenta o bebê, estabelecendo todos os vínculos maternos durante a gravidez e após o nascimento.
No vídeo a seguir, entenda a ovodoação, um tratamento eficaz para realizar seu sonho de engravidar:
Qual é o primeiro passo para quem recebeu o diagnóstico?
O primeiro e mais importante passo é buscar a orientação de um médico especialista em reprodução humana. Uma avaliação completa ajudará a confirmar o diagnóstico, investigar as possíveis causas e, principalmente, traçar um plano de tratamento personalizado para o seu desejo de engravidar.
Além do suporte médico, o acompanhamento psicológico é fundamental. Afinal, lidar com o diagnóstico pode ser emocionalmente desafiador, e ter um espaço seguro para expressar sentimentos e anseios faz toda a diferença na jornada.
“Na medicina, é fundamental olhar o ser humano como um todo, o orgânico e o mental. E há também a importância de individualizar cada vez mais o tratamento, ver exatamente o que cada paciente precisa para ter o melhor resultado possível. Para isso precisamos de uma equipe multidisciplinar”, explica a Dra. Raphaela Menin, especialista em reprodução assistida.
O diagnóstico de menopausa precoce pode parecer assustador, mas a medicina reprodutiva moderna oferece caminhos promissores. Com o apoio certo e as tecnologias disponíveis, o sonho da maternidade continua sendo uma possibilidade real e alcançável.
Como a Huntington pode te ajudar?
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REFERÊNCIAS
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