1) O que é a doação de óvulos?
É a doação de óvulos de uma mulher saudável (doadora) para outra que não tem óvulos próprios de boa qualidade. A doação ocorre quando uma mulher cede seus óvulos para que ele seja fecundado e transferido para o útero de outra mulher.
2) Quem pode se beneficiar da Ovodoação?
Mulheres que não conseguem engravidar por alteração no óvulo, são elas:
– Idade avançada (mais de 40 anos) que gera perda da qualidade ovular;
– Ausência de ovários por causa genética ou cirúrgica;
– Menopausa precoce, que gera falência ovariana antes dos 40 anos, levando essas mulheres a não produzirem mais óvulos
– Mulheres que já tiveram múltiplas falhas de tratamento;
– Mulheres com alterações genéticas vinculadas ao óvulo;
– Mulheres que realizaram tratamentos oncológicos.
Obs: Casais homoafetivos formados por homens também podem receber óvulo doado, que será fecundado com o sêmen de um deles e gerado no útero de outra doadora, chamado de “doação temporária do útero”.
3) Quem pode ser doadora?
As candidatas geralmente são voluntárias que realizam o procedimento para ajudar outra pessoa, desde que preencham os seguintes pré-requisitos:
– Ter no máximo 35 anos;
– Não possuir doenças genéticas ou infectocontagiosas;
– Não deve ter nenhum problema de saúde que possa ser agravados pela estimulação ovariana, como cânceres dependentes de hormônio.
Obs 1: É preciso ressaltar que nesse tipo de tratamento, o importante é a idade do óvulo e não a idade do útero que irá recebê-lo.
Obs 2: No Brasil, a maior recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM) é que seja realizada a doação compartilhada, onde doadora e receptora necessitam de tratamento para engravidar.
4) Como é feito o processo?
Chamamos de doadora a mulher que fará a estimulação da ovulação, que resultará na coleta de vários óvulos que serão doados para outra mulher, a receptora. A mulher que vai fazer a doação toma medicamentos injetáveis no início do ciclo menstrual para induzir o crescimento dos folículos (bolsas que contém os óvulos) e após 10 a 12 dias, é realizada a aspiração dos folículos. O procedimento é realizado colocando-se uma agulha fina por via vaginal, com sedação leve. Geram poucos efeitos colaterais, geralmente sensação temporária de inchaço e desconforto abdominal leve.
No mesmo dia da aspiração folicular o sêmen (do esposo ou, eventualmente, de doador) é preparado e os espermatozoides fecundam os óvulos no laboratório. Assim se forma o embrião que é cultivado (geralmente durante 5 dias) e depois colocado no útero da receptora.
A receptora terá seu útero preparado com hormônios (estradiol e progesterona) antes de receber o embrião, através do uso de medicações inicialmente por via oral e geralmente após 12 a 14 dias, associadas às de via vaginal. As medicações são utilizadas até o terceiro mês de gestação, quando a placenta assume a função de manter a gravidez.
5) Quem será a mãe do bebe gerado por óvulos doados?
No Brasil a lei estipula que a mãe da criança será a mulher que gerou o bebê e não a que forneceu o óvulo. Caso a mulher que deu a luz à criança seja uma barriga solidária, o filho é considerado do beneficiado pelo procedimento.
6) A criança pode se parecer com a doadora?
Esta é uma questão interessante, pois muitas vezes as mulheres que vão receber os óvulos temem que a criança não se pareça com ela, podendo gerar questionamentos por outras pessoas. No entanto, a escolha da doadora é realizada com muita cautela, por uma equipe especializada, para que haja semelhança física, como cor da pele, cabelos, olhos, altura, biótipo e também do tipo sanguíneo entre a doadora e a receptora.
Além disso, sabe-se que entre as pessoas há semelhança de mais de 99% dos genes, ou seja, o maior determinante das características individuais, tanto físicas como comportamentais não é o DNA em si, mas como se dá a expressão dos genes.
Tal conceito chama-se epigenética, que é definida como mudanças herdadas na expressão do gene, que não alteram a sequência de DNA. Ou seja, sabe-se que o processo da mãe de gestar e a própria criação do bebê influencia sua formação e ajuda a “moldá-lo”.
7) Posso saber a identidade da doadora?
O processo de doação de óvulos é legal no Brasil, no entanto deve ser anônima e sigilosa. Ou seja, a doadora não saberá a identidade da receptora e vice-versa, conforme a legislação do CFM (Conselho Federal de Medicina). A legislação brasileira atual não permite a doação entre familiares.
8) Qual a chance de sucesso?
A taxa de sucesso do tratamento de fertilização in vitro está relacionada principalmente à qualidade dos gametas (óvulo e espermatozoide) que formarão o embrião. Por este motivo, no tratamento com óvulos doados, em que a qualidade do óvulo em geral é muito boa, pois as doadoras são jovens, a taxa de gravidez é alta (50-60%).
9) Preparação para a Doação de Óvulos
Indicamos acompanhamento psicológico para o casal antes do tratamento, pois se trata de um caminho diferente, que requer adaptação dos planos do casal e aceitação das limitações individuais. Logo, pode levar certo tempo até o casal assimilar o caminho alternativo. No entanto, trata-se de uma excelente opção para muitas mulheres, que antes não podiam conquistar o tão sonhado desejo de gestar.
10) Doar óvulos tem efeitos colaterais?
O tratamento é bem tranquilo, pode causar leve desconforto, além de ter mínimos riscos. No entanto, para que sejam coletados vários óvulos, o ovário é estimulado e cresce. Este crescimento pode causar certo desconforto abdominal, principalmente nos últimos dias de medicação, e os níveis hormonais elevados podem causar sintomas como os de TPM, alteração de humor e dor nas mamas.
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Dra. Lívia Munhoz Soares e Dra. Thais Domingues, médicas especialistas em reprodução assistida do grupo Huntington.