Um fato curioso é o apontado por estudos feitos pela Universidade de Copenhagen: cientistas verificaram que de cada dez casais que encontram alguma dificuldade para engravidar, geralmente quatro deles não possuem qualquer problema de saúde. Esse é um indício de que o estresse pode ter uma parcela de culpa quando a chegada do bebê é difícil.
Os especialistas em medicina reprodutiva sabem muito bem como o estresse está intimamente relacionado às taxas hormonais que afetam diretamente as funções do ovário. Mulheres nesta situação logo percebem alterações em seus ciclos menstruais e até mesmo param de menstruar. O hipotálamo, região cerebral que orquestra os processos metabólicos e diversas outras funções autônomas, tenta equilibrar as atividades neuronais reagentes ao estresse e às atividades sexuais, fazendo com que os efeitos no corpo, provenientes desses fatores, se relacionem. Uma pessoa sob constante estresse, por exemplo, pode ser afetada por diversas reações neuroquímicas encarregadas de blindar o corpo contra influências externas que viriam a prejudicar o organismo.
Um panorama comum observado nos tratamentos de reprodução assistida é como os fatores de estresse podem ficar ainda mais evidentes. Quando a paciente se vê dividida entre a possibilidade de ter ou não um filho, é automaticamente levada a um quadro de tensão e expectativa nada favoráveis. Pode existir aumento do hormônio cortisol e consequente alteração na qualidade ovulatória, bem como nas possibilidades de implantação do embrião recém-formado no útero, dificultando a gravidez e até aumentando a chance de um aborto. No homem, além do excesso de ansiedade, que resulta na falta de libido e de ereção, o estresse pode causar a redução da quantidade de esperma e volume do sêmen.
O que se vê atualmente é a utilização de terapias que desenvolvem o bem-estar físico e psicológico como ioga, meditação e massagens. Tanto homens como mulheres podem usá-las para atenuar o estresse. A acupuntura é uma técnica que se torna cada vez mais popular aqui no Brasil e tem sido uma opção há alguns anos por quem está em tratamento de reprodução humana, justamente por se mostrar bem sucedida em auxiliar pacientes a diminuir os incômodos que os procedimentos possam causar.
Ser mãe ou pai é uma questão muito sensível para algumas pessoas e lidar com esses anseios acaba se mostrando um processo complicado. Por isso o acompanhamento de um psicólogo também seria bem-vindo para evitar o surgimento de um estresse acentuado.
Dr. Maurício Chehin, médico especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.