Entendendo como ocorre a ovulação: O que é recrutamento folicular?

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    Hoje vi uma paciente que veio à clínica para iniciar o tratamento de fertilização in vitro e me fez uma pergunta que acredito ser uma dúvida da maioria das mulheres que passam pelo mesmo processo: “ Doutora se você está  vendo 8 folículos no meu ovário hoje que estou menstruada porque preciso tomar tantas injeções para ter mais de um óvulo?”

    É nessa hora que você pensa: – Brilhante, o raciocínio dela é muito lógico, mas o que falta é o conhecimento de como o ovário funciona e aí o médico tem um papel muito importante em explicar e compartilhar a informação para que a paciente compreenda todo o processo pelo qual está passando. Acredito  que isto contribua de forma muito positiva para que  o tratamento transcorra da forma mais tranqüila possível, quem sabe até influenciando assim o seu resultado final.

    0,,63011132,00A explicação para a pergunta da minha paciente é simples e entendida após o conhecimento do funcionamento do ovário e de como ocorre a ovulação. Todo mês o ovário passa por um processo natural chamado de recrutamento folicular. Os folículos, que são “ bolinhas” cheias de líquido onde os óvulos se desenvolvem, aparecem no ovário já no período menstrual. Eles são vistos no ultrassom e seu crescimento pode assim ser acompanhado durante todo o ciclo menstrual, culminando com a sua rotura, isto é, a liberação do óvulo ou ovulação propriamente dita.

    Pois bem, poucos dias antes e durante a menstruação, alguns hormônios produzidos pelo nosso cérebro enviam um comando ao ovário para que os folículos se desenvolvam, cresçam e ovulem. Isto é denominado recrutamento folicular.  Mensalmente cerca de 100 folículos respondem a esse estímulo hormonal, apesar de vermos menos deles ao ultrassom, pois a maioria ainda é microscópica. Porém, apenas um deles irá conseguir crescer adequadamente e ovular. Este é o folículo dominante, o melhor selecionado pela natureza naquele mês.

    Mas o que acontece com os outros 99 folículos? Eles passam por um processo denominado atresia ou morte celular. Portanto, eles são eliminados e é esta a principal razão para a perda natural  da fertilidade da mulher com o passar dos anos, pois nós mulheres perdemos óvulos todo mês, sem haver uma nova produção. O que muda com a estimulação hormonal é que mais hormônio é oferecido aos folículos dando condições a mais de um deles se desenvolver. Costumo brincar que damos mais “ comidinha” e menos morrem de fome. Ao invés de termos um óvulo desenvolvido teremos em média 8 a 10. Mas é claro que este número depende de cada mulher e é inversamente correlacionado com a idade. Com a estimulação “salvamos” cerca de 9 óvulos que naturalmente seriam perdidos.

    fertilizacao-in-vitroO que a ciência tem tentado fazer para evitar o uso de medicações hormonais é simular o desenvolvimento folicular no laboratório, um processo chamado maturação in vitro. Nesta situação, a mulher não usa qualquer medicação hormonal e os óvulos são coletados ainda bem pequenos dos ovários, ou seja, imaturos. O crescimento  e maturação dos óvulos são feitos por estimulação hormonal no laboratório e não no ovário como ocorre na indução da ovulação. No entanto, este ainda é um procedimento ineficaz devido às baixas taxas de sucesso, cerca de 15% das mulheres engravidam por tentativa, contra 45% quando fazem a indução da ovulação para fertilização in vitro. Portanto, até que se descubram todos os segredos do ovário para que os folículos cresçam e resultem em bons óvulos ainda será preciso o uso das medicações hormonais.

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    Dra. Claudia Gomes Padilla, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.

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