Infertilidade sem causa aparente (ISCA): entenda o diagnóstico
Infertilidade sem causa aparente: entenda como é feito o diagnóstico

Infertilidade sem causa aparente: o que fazer quando todos os exames estão normais?

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Quando um casal recebe a notícia de que se encontra em um contexto de Infertilidade sem causa aparente (ISCA), a notícia tende a gerar ainda mais sofrimento e angústia ao casal. O diagnóstico ocorre quando casais não conseguem engravidar, apesar de não terem problemas médicos identificáveis.

Esse diagnóstico exige que a mulher tenha função ovariana preservada, tubas uterinas e útero normais, além de um exame físico sem alterações relevantes. Da mesma forma, a presença de qualquer fator masculino detectável também exclui essa classificação.

Diversos exames precisam ser realizados antes que este diagnóstico seja comunicado. Antes de se concluir que a infertilidade não tem causa identificável, o casal deve passar por uma avaliação abrangente. Isso inclui uma coleta detalhada da história clínica e reprodutiva, exame físico, avaliação da ovulação, exames hormonais, enfim, busca por questões infecciosas ou anatômicas.

Em 2023, a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) divulgou um relatório sobre Infertilidade sem causa aparente (ISCA), também chamada infertilidade inexplicada, em tradução literal do termo mais comum na língua inglesa. O documento reúne 52 recomendações para médicos, além de resumir as evidências mais recentes sobre o problema. Afinal, a medicina continua em busca para entender melhor este quadro.

É importante que a família tenha consciência de que não precisa passar por este desafio sozinha, e que o diagnóstico não define a “qualidade” ou o “mérito” do casal. O problema é mais comum do que parece. Segundo o relatório, estima-se que a ISCA seja responsável por aproximadamente 10% a 30% de todos os casos de infertilidade. 

Com base nesta fonte, o Blog da Huntington traz para você as principais informações sobre Infertilidade sem causa aparente (ISCA). Acreditamos que informação transparente e de qualidade é o primeiro passo para melhores decisões e reações diante dos desafios de uma família tentante.

Antes do diagnóstico de ISCA: check-up de fertilidade

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 17,5% da população adulta, ou seja, uma em cada seis pessoas, sofre de infertilidade. O número é considerado alto, e por isso aumenta o alerta sobre o cuidado com a saúde reprodutiva.

Ao deparar-se com tentativas sucessivas de engravidar, é importante não perder as esperanças e procurar ajuda médica. Antes do diagnóstico de Infertilidade sem causa aparente (ISCA) ser atribuído, diversos fatores são investigados. Para isso, o casal precisa procurar um check-up de fertilidade e realizar todos os exames necessários.

Nesta consulta com um médico especializado em saúde reprodutiva, o atendimento irá avaliar a capacidade de engravidar, orientar os próximos passos e cuidar de possíveis dificuldades. Essa investigação permite entender melhor o quadro do paciente e tomar decisões alinhadas ao seu histórico clínico e aos planos para o futuro. 

De modo geral, recomenda-se iniciar a avaliação se a mulher tem menos de 35 anos e está tentando engravidar há pelo menos 12 meses, mantendo relações sexuais frequentes durante o período fértil e sem usar métodos contraceptivos. Já para mulheres com mais de 35 anos, o ideal é buscar ajuda após seis meses de tentativas sem sucesso.

Este check-up pode ter caráter preventivo, mas também pode ser uma importante ferramenta para iniciar tratamentos ainda na fase inicial do planejamento familiar. Quanto antes a família procura um profissional especializado, maiores as chances de que o tratamento seja bem sucedido, além de diminuir o período solitário de dúvidas e angústias.

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Quais fatores podem contribuir para infertilidade sem causa aparente?

Mesmo após todos os testes indicarem normalidade, há hipóteses sobre causas ainda não detectadas que podem estar associadas à infertilidade inexplicada. O documento da ESHRE apresenta possibilidades de pesquisa voltadas para distúrbios imunológicos, doenças autoimunes (como tireoidite ou autoimunidade ovariana), deficiência de vitamina D e até doença celíaca não diagnosticada. 

No entanto, esses fatores não são de investigação obrigatória, pois ainda carecem de evidência suficiente para justificar exames de rotina. Mesmo assim, há consenso entre os médicos sobre algumas possibilidades que listamos a seguir.

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Fatores hormonais

Desequilíbrios hormonais sutis podem estar envolvidos em alguns casos. Pesquisas mostram, por exemplo, que níveis mais baixos do hormônio anti-Mülleriano (AMH), relacionado à reserva ovariana, podem estar presentes em mulheres com infertilidade inexplicada. Este hormônio está associado à quantidade de óvulos da mulher.

Fatores genéticos

Embora não sejam recomendados como parte da rotina diagnóstica, os testes genéticos e genômicos podem, futuramente, revelar causas ainda desconhecidas para a infertilidade. Existe a possibilidade de que alterações genéticas sutis estejam envolvidas, mesmo que não sejam detectadas pelos exames padrão atuais.

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Fatores de estilo de vida

Uma soma de fatores do estilo de vida do indivíduo podem interferir na fertilidade. Estão incluídos aspectos como alimentação inadequada, sedentarismo e estresse crônico, ou seja, uma questão patológica e com consequências maiores do que a tensão provocada pelas preocupações e irritações cotidianas.

Embora não estejam diretamente ligados ao diagnóstico de infertilidade inexplicada, esses fatores impactam a saúde reprodutiva como um todo e não devem ser negligenciados.

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Fatores ambientais

A exposição a certas toxinas ou produtos químicos ambientais ao longo da vida, também pode contribuir para problemas de fertilidade, embora muitas vezes seja difícil quantificar esta influência em casos individuais.

Quais os principais tratamentos para infertilidade sem causa aparente?

Existem diversas alternativas de tratamento em reprodução assistida. A medicina continua avançando, seja com técnicas experimentais ou com testes com Inteligência Artificial para tornar os procedimentos cada vez mais eficientes. 

Vamos conhecer com mais detalhes os três principais tratamentos.

Fertilização In Vitro (FIV)

Com taxas de sucesso cada vez mais promissoras, a fertilização in vitro (FIV) representa uma alternativa concreta para muitos casais que enfrentam dificuldades para engravidar. Segundo a Revista Cria (2021), o que antes era um recurso reservado a casos muito específicos, como mulheres com as tubas uterinas ligadas, hoje é amplamente utilizado em diferentes situações: distúrbios graves de ovulação, abortamentos de repetição, baixa reserva ovariana, entre outras condições que afetam a fertilidade.

Em todos esses cenários, a FIV ajuda a aumentar significativamente as chances de gestação. Para se ter uma ideia, uma mulher com até 34 anos, após três ciclos de FIV, pode alcançar a mesma taxa de sucesso que outra, na mesma faixa etária, teria em um ano de tentativas naturais mesmo sem nenhum problema de fertilidade.

Isso não significa que serão necessárias três tentativas para dar certo: muitas mulheres engravidam já no primeiro ciclo. Mas é importante lembrar que, assim como em uma gestação natural, a concepção depende de tentativas mensais e, por vezes, exige paciência.

O procedimento envolve a estimulação dos ovários por meio de hormônios, com o objetivo de amadurecer mais óvulos em um único ciclo. Durante esse processo, o médico acompanha o crescimento dos folículos, que são estruturas que abrigam os óvulos. Quando os folículos atingem o tamanho ideal, os óvulos são coletados e, junto ao sêmen, são fertilizados em laboratório.

A partir daí, os embriões formados passam por um processo de seleção e um ou mais são transferidos para o útero, onde ocorre a gestação de forma natural. 

Inseminação Intrauterina (IIU) ou inseminação artificial

Entre os métodos de reprodução assistida de baixa complexidade, a inseminação intrauterina (IIU) se destaca por ser uma técnica mais simples, onde apenas os espermatozoides são manipulados. Essa técnica é especialmente indicada em casos de alterações leves ou moderadas no espermograma, distúrbios ovulatórios ou infertilidade sem causa aparente.

Após a coleta do sêmen, os espermatozóides passam por um processo de capacitação, no qual são selecionados os mais ativos e com maior potencial para fecundar o óvulo.

Com uma amostra qualificada, o médico deposita os espermatozóides diretamente na cavidade uterina da mulher, facilitando o encontro com o óvulo nas tubas uterinas.

Coito programado

O coito programado é uma das formas mais simples de tratamento em reprodução assistida. Nele, a mulher recebe medicação hormonal para estimular o desenvolvimento dos folículos ovarianos. Quando um folículo atinge o tamanho ideal, um segundo hormônio é administrado para induzir a liberação do óvulo.

Durante esse processo, o médico acompanha o crescimento folicular por meio de ultrassonografias. A relação sexual é orientada para ocorrer no momento mais próximo da ovulação, geralmente cerca de 36 horas após a aplicação do hormônio, aumentando assim as chances de fecundação de forma natural.

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Como lidar com o diagnóstico de Infertilidade sem causa aparente (ISCA)?

Quando um casal tenta engravidar sem sucesso, é natural que o estresse e a ansiedade apareçam muitas vezes agravados por comentários bem-intencionados, mas ineficazes, como “relaxa que acontece”. Por isso, buscar apoio psicológico é fundamental, especialmente quando a ansiedade começa a afetar a rotina e o bem-estar do casal.

Somado a isso, ao procurar tratamento, vale estabelecer uma conversa franca e aberta com a equipe médica, para tirar dúvidas e desmistificar receios comuns.

Por exemplo, em um estudo da revista Human Reproduction, conclui-se que 20% das mães que tiveram bebês por meio de reprodução assistida conseguiram engravidar de forma natural cerca de 3 meses após o procedimento. 

Mais de 5 mil mulheres foram acompanhadas entre 1980 e 2021, o que desmistifica um medo muito comum de que os tratamentos impediriam a gestação natural futura. Além de demonstrar que muitas pessoas não são inférteis, passam apenas por uma dificuldade momentânea.

Na Huntington, você encontra infraestrutura, atendimento humanizado e compromisso com informações transparentes. Conheça uma de nossas unidades e agende uma consulta. Temos uma equipe capacitada para te acompanhar neste momento tão sensível.

REFERÊNCIAS 

ROMUALDI, D.; ATA, B.; BHATTACHARYA, S.; BOSCH, E.; COSTELLO, M.; GERSAK, K.; HOMBURG, R.; LE CLEF, N.; MINCHEVA, M. Evidence-based guideline: unexplained infertility. ESHRE – European Society of Human Reproduction and Embryology, 2023. Disponível em: https://www.eshre.eu/guideline/UI. Acesso em: 27 maio 2025.

HUNTINGTON. CHECK UP DA FERTILIDADE. Conheça os exames que ajudam a entender o que pode estar impedindo a gravidez.  Revista Cria, São Paulo, ed. 4, p. 36-39. Disponível em: https://www.calameo.com/read/0077675224db0a1dfeba4. Acesso em: 27 maio 20250.

HUNTINGTON. Quais são as principais técnicas de reprodução assistida?. Disponível em: https://www.huntington.com.br/blog/quais-sao-as-principais-tecnicas-de-reproducaoa-assistida/. Acesso em: 27 maio 2025.

HUNTINGTON. Você sabia? Revista Cria, São Paulo, ed. 5, 2024. p. 6-7. Disponível em: https://www.calameo.com/read/0077675224db0a1dfeba4. Acesso em: 27 maio 2025.

HUNTINGTON. UMA TÉCNICA QUE AJUDA A NATUREZA E FAZ A VIDA

ACONTECER. Revista Cria, São Paulo, ed. 1, 2024. p.33-35. Disponível em: https://www.huntington.com.br/wp-content/uploads/2022/05/Revista-Cria-Ed01.pdf Acesso em: 27 maio 2025.

Imagem: Revista Cria

Revisado por Dra. Carolina de Andrade Melo e Souza

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