A primeira fertilização in vitro (FIV) realizada em 1979 foi feita em uma mulher com laqueadura, sendo, portanto seu problema para engravidar, a obstrução das trompas. Desde então a tecnologia da FIV melhorou muito e esse tratamento possui diversas outras indicações. Porém ainda hoje a presença de obstrução ou outro tipo de alteração nas trompas é muito comum como referência para realização da FIV.
As trompas ou tubas uterinas são fundamentais para o processo de fertilização natural, pois é nesse local que o espermatozoide encontra o óvulo e onde ocorre a formação do embrião.
O exame para detectar alterações nas trompas é a histerossalpingografia. Neste exame injeta-se um contraste pelo colo do útero que irá percorrer todo o caminho que o espermatozoide faz para chegar até o óvulo. Este exame faz parte da avaliação básica de toda mulher que tem dificuldade para engravidar e é muito comum que as pacientes cheguem até a clínica com este exame já feito, pois o ginecologista já solicita antes de encaminhá-la. Embora muitas vezes o laudo do exame seja normal, vejo algumas alterações que apesar de não terem sido valorizadas podem dificultar o processo de fertilização natural.
Costumo explicar que geralmente a análise feita é: se há ou não obstrução das trompas, o que seria impeditivo para a gravidez, à semelhança do que ocorre com uma mulher que faz laqueadura. Porém, dilatações, enovelamentos e a posição da trompa também podem influenciar negativamente a fertilização natural apesar de não serem impeditivas.
Mas o que causa problema nas trompas? As duas principais razões são infecção e endometriose. Infecções causadas por gonococos e por clamídia são as mais comuns. O problema é que muitas vezes elas podem passar despercebidas como geralmente é no caso da clamídia que costuma não manifestar sintomas. Tanto a endometriose quanto as bactérias causam uma inflamação que danifica a estrutura da trompa.
As alternativas de tratamento são a correção cirúrgica por laparoscopia ou a fertilização in vitro. A escolha de uma ou de outra irá depender de uma série de fatores como o tipo das lesões da trompa, idade e reserva ovariana da mulher e a presença, ou não de alteração dos espermatozoides. O casal e seu médico devem levar em consideração todos eles antes de escolher o melhor caminho para se chegar a tão sonhada gravidez.
Dra. Claudia Gomes Padilla, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.