A endometriose é uma condição que afeta muitas mulheres e que comumente cursa com cólicas. Porém, ela pode ser silenciosa, isto é, não ter nenhum sintoma e somente a dificuldade para engravidar ser o sinal de alerta. Para seu diagnóstico são necessários exames de imagem específicos que utilizam um preparo intestinal e técnica radiológica especializada tanto para o ultrassom quanto para a ressonância. Por esse motivo, na maioria das vezes, as lesões mais profundas ao redor do útero, intestino e bexiga, acabam não sendo diagnosticadas por exames de imagem comuns. O tratamento da endometriose pode ser com medicações para alívio dos sintomas ou para tentar diminuir a evolução da doença, mas somente a cirurgia com retirada das lesões é que possibilita a cura.
Por todos estes motivos, acredito ser de extrema importância a investigação detalhada para excluir a endometriose em todas as mulheres com dificuldade para engravidar. Solicito essa avaliação para as minhas pacientes e quando o diagnóstico é feito a grande pergunta que fica é: Operar ou não operar a endometriose antes de fazer o tratamento?
Nem a ciência tem essa resposta para todos os casos, mas penso que existem alguns pontos importantes a serem considerados para essa decisão que deve ser compartilhada entre o casal e seu médico:
– A endometriose é uma doença crônica e progressiva na idade reprodutiva e que tende a involuir somente na menopausa. Em mulheres com boa capacidade ovariana e sem alterações da parte do parceiro, a cirurgia pode ter um grande benefício diante da possibilidade de gravidez natural.
– Mulheres com sintomas graves como cólicas incapacitantes, dor na relação sexual, dor para evacuar ou urinar devem considerar a cirurgia não somente pensando na gravidez, mas também para melhora da sua qualidade de vida.
– Se a endometriose é extensa afetando principalmente intestino ou bexiga ou se há outras alterações como miomas ou pólipos a cirurgia terá grande benefício antes de um tratamento para engravidar. Estudos demonstram que a endometriose profunda, principalmente quando afeta o intestino, diminui a chance de gravidez até mesmo com a fertilização in vitro.
– Por outro lado, se a reserva de óvulos já está baixa ou se a qualidade dos espermatozoides for ruim, as chances de concepção natural são muito pequenas. Nestas situações a fertilização in vitro é mais indicada que a cirurgia, principalmente nos casos em que a endometriose não é extensa.
Dra. Claudia Gomes Padilla, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.