Quem tem câncer não pode ter filhos? Saiba o que os médicos dizem sobre o assunto
Segundo reportagem da Agência Brasil, a revista científica internacional BMJ Oncology identificou um aumento de 79% no número de jovens com câncer, entre 1990 e 2019, em mais de 200 países e regiões, com o Brasil incluído na lista. O câncer de mama foi o mais recorrente, embora câncer de traqueia e próstata tiveram maior aumento.
Ainda que questões genéticas e históricos familiares sejam imprevisíveis, o estudo atribui o aumento ao estilo de vida da atualidade. A tendência do índice de casos é de seguir aumentando: até 31% a mais de casos, crescimento de 21% de mortes e incidência da doença ainda maior na faixa dos 40 anos.
No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para o triênio 2023-2025 é de 704 mil novos casos. A concentração de 70% destes casos estaria nas regiões Sul e Sudeste.
Assim, a discussão sobre oncofertilidade se faz cada vez mais necessária. Entre o diagnóstico oncológico e a introdução do paciente à preservação da sua fertilidade, o acesso à informação de qualidade é essencial.
A resposta simples para a pergunta “quem tem câncer não pode ter filhos?” é “sim, podem!”. O câncer não precisa significar o fim do sonho da maternidade ou paternidade, no entanto, com certeza se caracteriza como desafio a mais neste processo. Por isso, é preciso que o paciente se planeje para buscar evitar um maior sofrimento.
Por isso, a Huntington separou aqui um guia com as orientações essenciais sobre oncofertilidade.
O que é oncofertilidade?
A oncofertilidade é uma área da medicina dedicada a preservar a fertilidade de pessoas diagnosticadas com câncer. Isso porque tratamentos como quimioterapia, radioterapia e cirurgias podem comprometer a capacidade de ter filhos no futuro.
Ainda que seja essencial sua realização para sobrevivência do paciente, o tratamento pode ocasionar risco de danos às células dos ovários, dos testículos ou em estruturas como o útero.
Garantir a chance de uma gravidez após o câncer não interfere no tratamento da doença, mas pode fazer toda a diferença na qualidade de vida de quem deseja construir uma família depois da cura.
A escolha do método influencia diretamente nas escolhas e no planejamento do tratamento oncológico. Em entrevista para a Revista Cria, o especialista Dr. Maurício Chehin exemplifica: caso haja indicação de congelamento de óvulos, que envolve terapia hormonal, é preciso iniciá-lo 12 a 14 dias antes da quimioterapia.
Oncofertilidade: como preservar a fertilidade da mulher?
Existem diferentes estratégias para preservar a fertilidade de pacientes que vão iniciar o tratamento contra o câncer. Com a orientação de um profissional especializado, cada uma delas será indicada conforme o caso clínico e o tempo disponível antes do início da terapia oncológica.

Criopreservação de óvulos
Uma das opções mais conhecidas, também chamada de criopreservação de oócitos. Nesse processo, a paciente passa por uma estimulação ovariana com uso de medicamentos, para que seus ovários produzam um número maior de óvulos em um único ciclo. Em seguida, os folículos são aspirados por via vaginal sob anestesia e os óvulos coletados são congelados a temperaturas extremamente baixas, que podem chegar a -196 °C. O objetivo é garantir que esses óvulos possam ser utilizados no futuro, quando a paciente desejar engravidar.
Criopreservação do tecido ovariano
Esta é uma opção indicada para meninas mais jovens, em especial aquelas que ainda não entraram na puberdade. Fragmentos do tecido dos ovários são coletados por meio de videolaparoscopia, ou durante a própria cirurgia oncológica, e congelados para serem transplantados futuramente ou utilizados em laboratório.
A ocorrência de câncer na adolescência pode implicar em traumas e diversos desafios para as famílias de maneira muito específica, afinal, é uma doença que impacta diretamente na qualidade de vida deste jovem em formação.
Em muitas situações, as famílias de crianças e adolescentes em tratamento oncológico não sabem que já existem alternativas para preservar a fertilidade desde cedo. Em outros casos, os pais se sentem desconfortáveis ao abordar temas relacionados à fertilidade com os filhos, o que faz com que as possibilidades de preservação nem cheguem a ser consideradas.
No entanto, conversar com o médico responsável e buscar a opinião de um especialista em fertilidade pode fazer toda a diferença.
Supressão da função ovariana
Esta outra opção é indicada para mulheres que não terão tempo hábil para o congelamento de óvulos antes da quimioterapia. Nesse caso, a ideia é “desligar temporariamente” os ovários durante o tratamento. A inibição hormonal é feita por meio de injeções ou medicamentos. Essa estratégia visa proteger os folículos dos efeitos tóxicos da quimioterapia, que atinge justamente as células com alta taxa de multiplicação, o que inclui tanto células cancerígenas quanto células reprodutivas saudáveis.
Elevação dos ovários
Por fim, quando a paciente precisa realizar radioterapia na região da pelve, é possível recorrer à chamada cirurgia de elevação dos ovários. Nesse procedimento, os ovários são reposicionados cirurgicamente para fora do campo de radiação, reduzindo o risco de danos causados pelo tratamento.
Câncer e a preservação da fertilidade masculina
Em 2023, O INCA registrou quase 72 mil novos casos de câncer de próstata. Ainda entre os homens, quase 22 mil casos de câncer de cólon e reto, além de 18 mil casos de traqueia, brônquios e pulmão. Portanto, o assunto do câncer não pode ser esquecido ou minimizado ao se tratar da saúde do homem.
Para os pacientes do sexo masculino, há duas estratégias principais quanto à oncofertilidade: a criopreservação dos espermatozoides e a proteção dos testículos durante sessões de radioterapia.
No caso da criopreservação, o processo envolve coleta do sêmen por meio de masturbação, podendo ser necessária mais de uma amostra, com intervalos de 2 a 3 dias entre as coletas. Após isso, o material é analisado em laboratório e, se estiver adequado, é preparado para o congelamento em temperaturas extremamente baixas. Assim, os espermatozoides ficam preservados para uma possível futura fertilização, caso o paciente deseje ter filhos mais adiante.
Oncofertilidade na Huntington: confiança e acolhimento
Além da infraestrutura e do corpo clínico capacitado, o Grupo Huntington integra o Oncofertility Consortium, vinculado à Michigan State University nos Estados Unidos. O consórcio é referência enquanto um esforço conjunto de médicos e pesquisadores do mundo inteiro em busca de aprimorar de maneira contínua a relação entre saúde, fertilidade e tratamentos contra o câncer.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Câncer: números. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/. Acesso em: 27 maio 2025.
HUNTINGTON. Oncofertilidade. Revista Cria, São Paulo, ed. 4, p. 46-47. Disponível em: https://www.calameo.com/read/0077675224db0a1dfeba4. Acesso em: 27 maio 2025.
MORENO, Sayonara. Casos de câncer entre jovens crescem 79% nos últimos 30 anos. Rádioagência Nacional, Brasília, 11 set. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2023-09/casos-de-cancer-entre-jovens-crescem-79-nos-ultimos-30-anos. Acesso em: 27 maio 2025.
SBRA – Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. A importância da oncofertilidade. Disponível em: https://sbra.com.br/a-importancia-da-oncofertilidade/. Acesso em: 27 maio 2025.