Como a reserva ovariana interfere na fertilidade?
Consulta médica onde uma ginecologista explica a reserva ovariana e a fertilidade à paciente, apontando para um modelo anatômico do útero e ovários.

Como a reserva ovariana interfere na fertilidade?

Compartilhe este post

Explore este post com IA:ChatGPT Perplexity Claude Grok (X)

A reserva ovariana é um dos pilares da saúde reprodutiva feminina e um tema que gera muitas dúvidas e anseios, especialmente para quem sonha com a maternidade. Em resumo, ela representa a quantidade e qualidade dos óvulos disponíveis nos ovários em determinado momento da vida, sendo um importante marcador do potencial fértil.

A quantidade total de óvulos que uma mulher possui é crucial para seu potencial reprodutivo e para a linha do tempo da sua fertilidade. Assim, a diminuição tanto na quantidade quanto na qualidade dos óvulos que a mulher vivencia com o avançar da idade, principalmente após os 35 anos, é o principal fator que impacta negativamente a infertilidade feminina.

O que é a reserva ovariana e por que ela diminui com o tempo?

Diferente dos homens, que produzem espermatozoides continuamente, a cada 2 a 3 meses, as mulheres já nascem com todo o seu estoque de folículos ovarianos, que são as estruturas que contêm os óvulos. Estima-se que uma mulher nasça com cerca de 1 a 2 milhões de folículos, mas esse número diminui naturalmente ao longo da vida.

Essa redução é um processo contínuo e irreversível. Na puberdade, restam aproximadamente 400 mil folículos. A cada ciclo menstrual, centenas de folículos são recrutados, mas geralmente apenas um amadurece e libera um óvulo. Assim, os demais são perdidos.

Além disso, é importante ressaltar que essa diminuição ocorre independente da ovulação (ou seja, mesmo para quem esta em uso de anticoncepcionais), por um processo chamado morte celular programada, que ocorre mensalmente, a partir da primeira menstruação da mulher.

Dessa forma, a idade é o principal fator que influencia a reserva ovariana, como explica a Dra. Thais Domingues, especialista em reprodução assistida:

“Até essa idade [30 anos], as mulheres apresentam seu pico de fertilidade. A partir desse período, ela começa a declinar gradualmente e se acentua após os 35 anos – e mais ainda depois dos 40 -, impactando diretamente as chances de uma gravidez natural”, afirma a médica.

Ademais, a reserva ovariana pode ser prejudicada por hábitos de vida pouco saudáveis, sedentarismo, obesidade, tabagismo e outros vícios, além dos poluentes ambientais, acelerando a diminuição da fertilidade.

Como a reserva ovariana é avaliada?

A avaliação da reserva ovariana mede a quantidade (o “estoque”) de óvulos, mas não a sua qualidade, que também está fortemente ligada à idade. Portanto, o acompanhamento com um especialista em reprodução humana é essencial para uma interpretação correta dos resultados.

“Um erro muito frequente é fazer a avaliação e verificar que há uma fertilidade normal – ou até acima da média – em termos de quantidade de óvulos, e ficar tranquila a respeito do congelamento. Mas é uma questão que confunde, porque reserva ovariana normal não quer dizer fertilidade normal. Ela precisa ser pensada já perto dos 30 anos e, caso esteja aquém do esperado e a mulher sem previsão próxima de gravidez, o congelamento precisa ser oferecido, como melhor tática preventiva em relação à preservação da fertilidade”, explica a Dra. Thais Domingues.

Os principais exames são:

Exames de sangue

  • Hormônio anti-mülleriano (AMH): produzido pelos folículos pequenos, é considerado um dos marcadores mais precisos da reserva ovariana, pois seus níveis têm baixa variação durante o ciclo menstrual.
  • FSH (Hormônio folículo-estimulante) e Estradiol: medidos no início do ciclo menstrual (geralmente no 3º dia), eles indicam como o corpo está trabalhando para estimular o crescimento dos folículos naquele mês específico. Níveis elevados de FSH podem sugerir uma reserva ovariana diminuída.

Ultrassonografia transvaginal

Realizado no início do ciclo, o exame de imagem permite ao médico visualizar os ovários e realizar a contagem de folículos antrais (CFA). Eles são pequenas bolsas de fluido, medindo entre 2 e 10 mm, que contêm óvulos imaturos. Uma contagem mais baixa pode indicar uma reserva ovariana reduzida.

Quais fatores além da idade podem afetar a reserva ovariana?

Embora a idade seja o fator predominante, outras condições e hábitos podem acelerar a perda de folículos ovarianos. Sendo assim, é fundamental estar ciente deles para um planejamento reprodutivo completo.

A Dra. Thais Domingues afirma que várias condições médicas podem afetar a reserva ovariana. As mais comuns são: endometriose, câncer, histórico familiar de menopausa precoce e doenças autoimunes.

Entre os principais fatores, destacam-se:

  • Fatores genéticos: histórico familiar de menopausa precoce;
  • Cirurgias ovarianas: procedimentos que removem parte ou a totalidade dos ovários;
  • Tratamentos médicos: quimioterapia e radioterapia pélvica podem danificar as células ovarianas;
  • Condições de saúde: a endometriose, por exemplo, pode afetar significativamente a reserva ovariana. Outras condições incluem algumas doenças autoimunes e hipotireoidismo, que pode estar associado a uma baixa reserva mesmo em mulheres jovens;
  • Hábitos e ambiente: o tabagismo é comprovadamente tóxico para os ovários e pode antecipar a menopausa. Poluentes ambientais, hábitos de vida pouco saudáveis e estresse psicológico também podem impactar a reserva. Em alguns casos, o uso de contraceptivos hormonais pode até acelerar a diminuição da fertilidade;
  • Tratamentos de fertilidade anteriores: mulheres jovens que passaram por múltiplas estimulações ovarianas para tratamentos de fertilidade podem ter uma reserva ovariana diminuída.

O que significa ter uma baixa reserva ovariana?

Receber um diagnóstico de baixa reserva ovariana pode ser motivo de preocupação, mas não traduz infertilidade.

Em resumo, significa que a quantidade de óvulos é menor do que o esperado para a idade, o que pode encurtar a janela de tempo para engravidar naturalmente.

Assim, alguma medida deve ser tomada: antecipar tentativas de gravidez ou congelar óvulos, para quem não deseja engravidar naquele momento ou deseja ter mais de 1 filho.

É possível preservar a fertilidade se a reserva ovariana está diminuindo?

Sim. Para mulheres que desejam adiar a maternidade por motivos pessoais, profissionais ou antes de tratamentos médicos agressivos, a preservação da fertilidade é uma excelente opção.

A técnica mais utilizada é o congelamento de óvulos, também conhecido como vitrificação. O processo envolve a estimulação ovariana com hormônios para amadurecer múltiplos óvulos em um único ciclo. Em seguida, eles são coletados e congelados por uma técnica ultrarrápida, que preserva sua qualidade no momento da coleta. Assim, a mulher pode utilizá-los no futuro, quando decidir engravidar.

Assista ao vídeo abaixo para entender se há uma idade certa para engravidar:

Qual a idade ideal para engravidar? | Huntington

Qual o próximo passo para entender a minha fertilidade?

Compreender a sua reserva ovariana é um passo importante no autoconhecimento e no planejamento do seu futuro. A informação empodera, mas cada jornada é única e merece um olhar individualizado e acolhedor.

Conversar com um especialista em reprodução humana é o caminho mais seguro para avaliar seu potencial fértil, tirar todas as suas dúvidas e traçar um plano que esteja alinhado com seus sonhos e projetos de vida!

REFERÊNCIAS

HAZARIKA, S. et al. Factors associated with poor ovarian reserve in young infertile women: a hospital-based cohort study. Journal of Human Reproductive Sciences, [S. l.], Jun. 2023. DOI: https://doi.org/10.4103/jhrs.jhrs_28_23. Disponível em: https://doi.org/10.4103/jhrs.jhrs_28_23. Acesso em: 21 out. 2025.

JU, W. et al. Targeting programmed cell death with natural products: a potential therapeutic strategy for diminished ovarian reserve and fertility preservation. Frontiers in Pharmacology, [S. l.], art. 1546041, maio 2025. DOI: https://doi.org/10.3389/fphar.2025.1546041. Disponível em: https://doi.org/10.3389/fphar.2025.1546041. Acesso em: 21 out. 2025.

LIU, Y. et al. Advances in Traditional Chinese Medicine for Managing Diminished Ovarian Reserve: Mechanisms and Clinical Insights. Drug Design, Development and Therapy, [S. l.], jul. 2025. DOI: https://doi.org/10.2147/DDDT.S505689. Disponível em: https://doi.org/10.2147/DDDT.S505689. Acesso em: 21 out. 2025.

TAN, Z. et al. Diminished ovarian reserve in endometriosis: insights from in vitro, in vivo, and human studies—a systematic review. International Journal of Molecular Sciences, [S. l.], Nov. 2023. DOI: https://doi.org/10.3390/ijms242115967. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ijms242115967. Acesso em: 21 out. 2025.

ZHU, Q. et al. Potential factors result in diminished ovarian reserve: a comprehensive review. Journal of Ovarian Research, [S. l.], out. 2023. DOI: https://doi.org/10.1186/s13048-023-01296-x. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s13048-023-01296-x. Acesso em: 21 out. 2025.

Autor

Usamos cookies em nosso site para fornecer a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar”, concorda com a utilização de TODOS os cookies.