Saúde do homem: relação entre infertilidade e saúde mental
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Saúde do homem e infertilidade: qual a relação com a saúde mental masculina?

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Segundo a Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), a infertilidade é uma condição que afeta cerca de 15% dos casais em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Incentivar os cuidados da saúde do homem é essencial, uma vez que muitos estigmas ainda acompanham os tratamentos associados à saúde masculina.

Embora muitas vezes associada ao aparelho reprodutor feminino, estudos mostram que em 40% dos casos a causa está relacionada ao fator masculino. Entre os principais motivos estão alterações genéticas, hormonais e comportamentais, além de doenças testiculares, infecções sexualmente transmissíveis, malformações do sistema reprodutor e até problemas em outros órgãos que podem comprometer a capacidade reprodutiva.

Apesar dessa relevância dos números, a infertilidade masculina ainda é um tabu cercado de mitos e inseguranças. Há uma confusão frequente entre infertilidade e masculinidade, o que gera sentimentos de instabilidade, insegurança e impacto no relacionamento conjugal.

Esta confusão entre força, masculinidade e virilidade com diagnósticos de saúde, também se estende aos campos psicológico e emocional. No entanto, enfrentar a infertilidade pode impactar todas as esferas da vida de uma pessoa.

Reconhecer que o problema é mais comum do que parece e buscar apoio médico especializado são passos fundamentais para o diagnóstico e o tratamento adequados. A saúde do homem envolve fatores físicos, emocionais e sociais. Sabendo dos desafios sobre o tema, a Huntington deseja contribuir para que você tenha acesso à informação de qualidade.

Por que os homens procuram menos os serviços de saúde?

Os homens, em geral, procuram menos os serviços de saúde quando comparados às mulheres, e isso não se deve apenas a fatores individuais, mas a uma construção cultural e social.

A partir de entrevistas, estudos mostram que o papel atribuído ao masculino é associado à força, à resistência e até à ideia de invulnerabilidade. Enquanto o “cuidar” é tradicionalmente relacionado ao universo feminino, os homens são ensinados desde cedo a se afastar dessa prática, como se fosse algo incompatível com a identidade masculina.

Essa visão reforça a ideia de que a saúde não deve ser prioridade para o universo do homem, levando muitos a acreditarem que procurar ajuda é um sinal de fragilidade. Expressões comuns como “homens não choram” ou “seja homem” moldam comportamentos, fazendo com que consultas médicas sejam vistas como desnecessárias até mesmo diante de sintomas persistentes. Com isso, o autocuidado passa a ser negligenciado, e o acesso aos serviços de saúde ocorre, na maioria das vezes, apenas em situações graves.

No Brasil, por exemplo, há um incentivo para que esse contexto se altere. Sendo o único país da América Latina que conta com política de saúde específica para saúde masculina, o Ministério da Saúde aborda 5 eixos principais:

  • Acesso e acolhimento: tornar os serviços de saúde mais inclusivos e reconhecendo os homens como indivíduos que também precisam de cuidado.
  • Saúde sexual e reprodutiva: abordar a sexualidade masculina e o direito de planejar ou não a paternidade.
  • Paternidade e cuidado: estimular a participação ativa dos homens na gestação e no cuidado dos filhos.
  • Doenças prevalentes: garantir atenção primária e acesso a cuidados para fatores de risco comuns nos homens.
  • Prevenção de violências e acidentes: promover estratégias de conscientização e prevenção junto à comunidade.

Trata-se de um trabalho necessário, uma vez que a ausência de acompanhamento médico regular pode atrasar diagnósticos e aumentar o risco de complicações graves, especialmente em doenças silenciosas como as cardiovasculares, podendo evoluir para infartos. Também aumenta o risco para AVC; diabetes, que sem controle pode causar insuficiência renal e até amputações; e câncer de próstata, que é um dos mais comuns entre os homens, mas apresenta altas taxas de cura quando identificado precocemente.

Saúde mental: os homens também cuidam menos da saúde psicológica

A resistência masculina em procurar os serviços de saúde não é apenas prejudicial para o convívio cotidiano ou para saúde física. Nas questões de saúde mental, a negligência também se reflete em números.

Segundo o Centro Brasileiro de Urologia, os homens vivem, em média, de 7 a 8 anos menos que as mulheres e têm maior risco de morrer de doenças cardíacas, câncer e suicídio. O Centro ainda destaca que 80% dos suicídios que ocorrem no mundo, são cometidos pelos homens.

Essas disparidades não estão ligadas apenas a questões biológicas, mas refletem também o impacto direto da cultura que desencoraja a busca por cuidados médicos e o reconhecimento das próprias vulnerabilidades.

Portanto, discutir por que os homens procuram menos os serviços de saúde é também discutir gênero e identidade. É preciso desconstruir a ideia de que cuidar de si é incompatível com ser homem e ampliar o entendimento de que a prevenção e a atenção médica são formas de responsabilidade consigo mesmo e com as pessoas próximas.

Impactos na saúde do homem: fatores psicológicos e emocionais e a infertilidade

Alguns estudos já conseguem mapear certas ligações entre fatores emocionais e a infertilidade masculina.

O estresse psicológico constante pode alterar o funcionamento de sistemas importantes, como o neurológico, imunológico e o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HPG), responsável pela produção de hormônios ligados à fertilidade. Isso pode resultar em queda de testosterona, mudanças na prolactina e até prejuízo na espermatogênese.

Além disso, altos níveis de estresse aumentam a liberação de cortisol e adrenalina, hormônios que interferem diretamente na produção de esperma e na qualidade seminal. Esse cenário pode ser agravado por comportamentos de risco, como maior consumo de álcool e tabaco. Pesquisas apontam que homens sob maior estresse têm sêmen de qualidade inferior, o que reduz as chances de concepção.

Outro fator importante é a obesidade. Ela já é considerada uma crise de saúde pública e, além de aumentar o risco de doenças como diabetes e problemas cardiovasculares, também pode prejudicar a fertilidade masculina. Estudos mostram que o excesso de peso está associado a menor concentração, volume e contagem total de espermatozoides, ainda que a motilidade nem sempre seja afetada.

Saúde do homem e apoio psicológico: como lidar com o diagnóstico de infertilidade?

O diagnóstico de infertilidade pode trazer impactos emocionais profundos. Muitos homens enfrentam ansiedade e estresse logo no início, além de queda na autoestima e a sensação de perda da masculinidade. Também é comum a dificuldade de compartilhar sentimentos com familiares e amigos, o que aumenta o isolamento.

Quando não há apoio adequado, esse cenário pode evoluir para quadros de depressão, reforçando a importância de acompanhamento psicológico e suporte durante o tratamento.

Em geral, receber esse diagnóstico representa um fardo complexo, que vai além dos aspectos médicos. A infertilidade envolve questões psicológicas, sociais e emocionais, gerando sentimentos como tristeza, culpa, vergonha e baixa autoestima.

Como mencionado, o incentivo ao cuidado da saúde do homem é um desafio. Nesse sentido, algumas recomendações podem ajudar:

  • Acompanhamento Psicológico: contar com a ajuda profissional é fundamental para lidar com frustrações e expectativas.
  • Apoio da família: muitas vezes, o casal pode se sentir isolado e excluído pela ausência de filhos. Por isso, o acolhimento da família, sem pressões ou constrangimentos, é fundamental.
  • Terapia de casal: essa é uma ferramenta que auxilia muito no fortalecimento da relação e do apoio mútuo durante o tratamento.
  • Grupos de apoio como espaço para compartilhar experiências: a troca de experiência entre homens que passam pela mesma situação pode ajudar a diminuir o estigma de vergonha e culpa.
  • Equipe médica interdisciplinar: na Huntington, você encontra profissionais capacitados, que prestam atenção em detalhes de diversas esferas da vida do paciente. Para conhecer, tirar dúvidas e receber informações personalizadas, agende uma consulta.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde do homem. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-do-homem. Acesso em: 29 ago. 2025.

CENTRO BRASILEIRO DE UROLOGIA. Por que os homens negligenciam sua saúde? Disponível em: https://centrobrasileirodeurologia.com.br/cancer-urologico/por-que-os-homens-negligenciam-sua-saude/. Acesso em: 29 ago. 2025.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA (SBRA). Infertilidade masculina representa quase metade dos casos de dificuldade de gravidez, diz OMS. 2021. Disponível em: https://sbra.com.br/noticias/infertilidade-masculina-representa-quase-metade-dos-casos-de-dificuldade-de-gravidez-diz-oms/. Acesso em: 29 ago. 2025.

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