Seleção de único embrião evita riscos da gravidez gemelar

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    Avanços da medicina reprodutiva permitem a transferência ao útero de um só embrião para evitar a gestação múltipla.

    Atuais técnicas de reprodução assistida permitem a transferência de um único embrião ao útero, de modo a evitar gestações gemelares inesperadas que ofereçam complicações à mãe e ao bebê. O procedimento chamado Single Embryo Transfer aposta na avaliação detalhada do embrião para que seja o melhor a ser transferido, acompanhando-o até a fase chamada de blastocisto ou até submetendo-o à análise genética pré-implantacional. Essas avaliações almejam melhorar as taxas de sucesso na implantação de um único embrião.  De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, o nascimento de gêmeos duplicou desde a década de 80 e a estimativa é que dois terços deles estejam relacionados aos tratamentos de reprodução humana.

    “Com avançados aparelhos laboratoriais é possível cultivar embriões até o 5º dia de desenvolvimento, estágio chamado de blastocisto. Nesta fase, o especialista pretende avaliar a forma da estrutura celular sem técnicas invasivas. Se for notada uma boa morfologia do embrião e o perfil médico da paciente for adequado, sugere-se a implantação apenas um deles”, explica Dra. Karla Zacharias.

    Biópsia embrionária é alternativa

    A biópsia embrionária também pode aumentar as chances de sucesso na transferência de um único blastocisto. Com a alternativa, retira-se um fragmento da estrutura do embrião que dará origem à placenta. Esse material é submetido ao CGH, técnica de análise cromossômica que avalia a quantidade de cromossomos do embrião e a viabilidade dele ser implantado e resultar em uma gravidez. “Essa técnica revela alterações cromossômicas que inviabilizariam o processo de implantação embrionária ou até evidenciam embriões que podem apresentar doenças que levam a um processo de abortamento. Os resultados influenciam consideravelmente nas chances de sucesso da implantação e do desenvolvimento de uma gestação normal”, observa.

    Apesar de invasiva, a biópsia embrionária, quando realizada por embriologistas experientes, se mostra um bom método para alcançar melhores chances de gestação única, principalmente em casos de pacientes acima dos 40 anos, em que a incidência de malformação e aborto aumentam para o bebê.

    Dra. Karla também verifica algo comum entre as pacientes: a gestação gemelar, ainda que envolvendo riscos dentre os quais a prematuridade, é o desejo de muitas mulheres, no intuito de não ter de recorrer novamente ao tratamento para ter mais de um filho. “A transferência de mais de um embrião é uma técnica que permite maior probabilidade de gravidez por tentativa de transferência, dentro de um quadro de infertilidade que pode ser avaliado em graus de severidade. Isso não significa que resultará necessariamente numa gestação gemelar”, esclarece a médica.

    Mesmo que algumas pacientes queiram a esse tipo de gravidez, é importante alertar que ela oferece riscos como maior incidência de parto prematuro, doença hipertensiva da gravidez, insuficiência placentária e outras situações que podem levar à necessidade de  mãe e filho precisarem se recuperar em UTI. Obviamente, o bom acompanhamento pré e pós-natal visam a minimizar ou prevenir maiores complicações como essas. Ainda assim, a boa análise do crescimento e desenvolvimento do embrião, somada a fatores como idade da paciente e necessidade da biópsia embrionária, podem ser de grande ajuda para a transferência de apenas um desses embriões chamados de “top quality”, mesmo que seja permitida a transferência de mais de um embrião.

    Karla Zacharias

    Dra. Karla Zacharias, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.

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