
Tentando engravidar? Saiba a importância do apoio familiar no processo
Ainda que seja um desafio que ocorre no ambiente íntimo das famílias, a infertilidade é mais comum do que se imagina. Segundo a Revista Cria, estima-se que um em cada oito casais enfrentam dificuldades para engravidar ou levar uma gestação adiante. Com isso, cresce também a busca por apoio médico especializado para realizar o sonho da maternidade e paternidade.
Ao perceber que a concretização do sonho de ter filhos pode não ocorrer, ou ocorrer mediante a um longo período de tratamento e tentativas, o processo passa a ser permeado por um tsunami de sentimentos. Raiva, depressão, ansiedade, problemas conjugais, até mesmo sobrecarga física.
Por isso, a Huntington reuniu algumas recomendações para auxiliar você e sua família a entender e lidar melhor com este processo.
Por que incluir acompanhamento psicológico no tratamento de infertilidade?
Além do tratamento clínico, o acompanhamento psicológico tem ganhado cada vez mais espaço entre os casais tentantes. Ele é fundamental para lidar com a ansiedade, o estresse e as emoções que surgem ao longo desse caminho.
Vale destacar que o processo da reprodução assistida ou do tratamento de infertilidade é longo, delicado e cheio de incertezas. É preciso que o casal e sua rede de apoio tenham a consciência das reais possibilidades de sucesso para o caso acompanhado. O corpo humano não é uma máquina exata, com processos e variações muitas vezes imprevisíveis.
Segundo um estudo realizado pelo Centro para a Saúde Mental da Mulher, do Hospital Geral de Massachusetts nos Estados Unidos, a depressão está presente em até 54% dos casais inférteis. Somado a isso, é observado a manifestação do luto. Ou seja, trata-se de um grande sofrimento que envolve a perda de um sonho, de uma vida que ainda não veio a existir, ou que se perdeu ainda no período de desenvolvimento.
Em outro estudo, a Escola de Psicologia da Cardiff University, no Reino Unido, aponta que quatro em cada dez pacientes completam todos os ciclos de tratamento sem conseguir ter o filho que desejam. Nesses casos, a recuperação deste luto pode durar até dois anos.
Desde a década de 1970 a medicina vem incluindo a investigação das consequências psicossociais da infertilidade. Já é conhecido, por exemplo, que faltando duas semanas para o resultado do teste de gravidez é o período mais estressante da reprodução assistida.
Portanto, não se trata de uma situação que inclui apenas a saúde física, mas que mexe com o ser humano de maneira total. É preciso evitar a ausência de empatia em um momento tão delicado. Aumentar a sobrecarga emocional em espaços de culpa e cobrança torna o processo ainda mais doloroso.
Nesse sentido, o acompanhamento interdisciplinar, com profissionais atentos à saúde mental do casal, torna-se cada vez mais recomendado mesmo antes do tratamento, de forma preventiva. As dores sentidas são legítimas e merecem acolhimento, escuta e cuidado.
Como manter a conexão emocional no casal durante o tratamento
Em primeiro lugar, é preciso ter consciência que um tratamento prolongado para fertilidade afeta homens e mulheres de formas diferentes. Por conta das pressões sociais quanto à maternidade, em geral a mulher apresenta maior índices de sofrimento. No entanto, se a origem da infertilidade do casal estiver do lado masculino, essa diferença não se apresenta tanto.
Apesar de ser um problema comum, por culpa ou vergonha, muitas vezes a mulher se encontra em isolamento e, por consequência, em maior vulnerabilidade psicológica. Nesse sentido, manter a comunicação aberta para enfrentar juntas(os) frustrações e mudanças no plano de vida é essencial. Inclusive, para mudar de ideia sobre o tratamento e pensar em alternativas, se for o caso.
Somado a isso, as responsabilidades quanto a consultas, exames e decisões médicas precisam ser feitas em conjunto e comum acordo. O tratamento envolve tempo, finanças, disponibilidade, atenção às informações e monitoramento contínuo. Trata-se de um processo que precisa ser feito em parceria.
Apoio familiar: rede de apoio, não de cobrança
Mesmo casais em relacionamentos saudáveis e fortes podem se ver sobrecarregados pela demanda emocional que um tratamento de reprodução assistida pode exigir. Nessa fase, o apoio da família pode fazer toda a diferença, desde que venha com sensibilidade, empatia e respeito. Desde uma carona para a clínica, até a disponibilidade para ouvir angústias, a família pode contribuir muito para diminuição das dores dos tentantes.
Assim, é fundamental entender a diferença entre apoio e intromissão. Comentários como “é só relaxar que acontece” ou perguntas frequentes sobre o tratamento, por mais bem-intencionados que sejam, podem gerar pressão e aumentar o sofrimento. Apoiar não é cobrar, e sim estar disponível para ouvir sem julgar e acolher sem invadir.
A Huntington separou uma lista de frases que podem ser evitadas nesse momento:
- “Tente não se estressar”. Ainda que o estresse possa estar relacionado com a infertilidade,pedir para “relaxar” em meio a situações de pressão é algo insensível e sem efetivas aplicações práticas.
- “Pense que poderia ser pior”. Nunca menospreze, compare ou diminua a dor de seu familiar.
- “Talvez ainda não seja a hora”. Se existem tentativas sucessivas, e acompanhamento médico, suposições sobre a “hora certa” são apenas frases vazias e superficiais.
- “Por que não adotar?”. Esta é uma conversa extremamente íntima, e uma opção da qual o casal está ciente. Algumas pessoas desejam apenas filhos biológicos, e a adoção precisa partir de um ato de amor, não de “substituição” ou dor.
- “Já tentaram o novo tratamento …?” . Se o casal possui acompanhamento médico, evite sugerir “soluções mágicas” e fáceis para um problema tão complexo.
- Se você está passando por uma gravidez, ou convive perto de alguém que está vivendo essa experiência, evite reclamar de seus desafios próximo a um casal tentante. Eles gostariam de estar vivendo esta etapa, mesmo com todas as dificuldades.
Em suma, a jornada da fertilidade envolve incertezas, tratamentos e emoções à flor da pele. E ter ao lado uma rede de apoio respeitosa pode trazer mais leveza, segurança e força para continuar.
Para o tratamento, conte com a Huntington para receber as orientações e o apoio necessário neste processo.
Referência
HUNTINGTON. Fertilidade sem tabu e sem culpa: dividindo o peso das emoções. Revista Cria, São Paulo, ed. 3, p. 29-30, 2022. Disponível em: https://www.huntington.com.br/wp-content/uploads/2023/01/Revista-Cria-03-Grupo-Huntington.pdf. Acesso em: 27 maio 2025.
Revisado pela Dra. Valentina Cotrim