Não faz muito tempo quando ainda adolescente minha mãe chamou a mim e minha irmã e disse: “Preste atenção vocês dois, primeiro os estudos e a profissão, nem pensem em filhos agora. Estão ouvindo!”. Na época nada parecia mais correto e quem dos meus amigos engravidou foi massacrado. Alguém conhece esta história?
Qual não foi a mulher que nesses últimos 20 anos não se dedicou aos estudos para conseguir seu espaço em detrimento da família? Atualmente, as prioridades femininas convergem para a vida profissional e independência financeira, por isso, o sonho de ter um filho acaba sendo adiado. A idéia seria clara: a medicina iria ajudar na hora certa. Mas isso não é totalmente verdade.
Nesse caminho há algo que inexoravelmente chega. O próximo ano de vida. A questão da idade vem se tornando o principal motivo pelo qual as mulheres buscam ajuda profissional em clínica de infertilidade. A vida atarefada do mercado de trabalho com a constante busca pelo sucesso juntamente com a vontade de viver intensamente suas experiências faz com que a maior parte delas deixe a maternidade em último plano, ainda que ter um filho seja um grande sonho.
O problema é quando chega a hora de deixar de lado as conquistas e buscar um filho. É fato, não há uma idade certa para tentar a maternidade, mas é importante que a mulher esteja segura em sua decisão, afinal, quanto maior sua estabilidade emocional, financeira e familiar, mas serena será o caminho que virá.
O caminho deverá ter um início: saber onde estou nesse momento na questão fertilidade e hoje temos algumas alternativas. Dosagens hormonais e ultrassonografia para saber como anda o útero são clássicas formas de acessar a algumas dessas questões, mas ainda limitadas pois são um retrato momentâneo da mulher. Como uma foto, você pode tirá-la vestida para uma festa ou acordando, certamente não será a real você.
Mais recentemente um nova dosagem se tornou essencial para acessar este momento, a dosagem do hormônio anti-mulleriano. Com uma simples dosagem de sangue muito pode ser conhecido da mulher e um futuro mais assertivo pode ser determinado. Claro que o exame não termina nele mesmo, mas outros dados merece, e precisam, ser conhecidos para que isto se torne claro.
Em minha opinião hoje qualquer mulher ao redor dos 35 anos, casada ou solteira, deveria buscar seu médico para se conhecer melhor. Mas por favor, não aceite um simples: “mas você é tão jovem!”, como resposta. Muitos colegas não estão ainda muito confortáveis com esta nova mulher que, cartesianamente, quer tornar sua vida mais segura.
Como pai de 3 meninas sem dúvida não fugirei ao que ouvi há muito tempo de meus próprios pais: engravidar cedo, não!”, mas certamente todas terão sua fertilidade protegida com orientações nesse sentido.
Dr. Vamberto Maia, médico especialista em reprodução assistida