Beatriz
Descobri baixa reserva ovariana aos 32 anos.
Meu marido havia feito reversão de vasectomia com sucesso, mas estava com contagem baixa. O urologista encaminhou para um médico especialista em reprodução. Na época, morávamos em São José do Rio Preto e fomos a um médico da cidade. Na consulta, o médico pediu uns exames para meu marido e também para mim. Explicou a importância de investigar o casal para não perder tempo tratando apenas um deles, caso eventualmente o outro também tenha alguma questão. Fiz os exames sem me preocupar, a final de contas eu achava que ainda era nova. Foi quando chegou o resultado do antimulleriano que tive o primeiro choque. Tinha reserva ovariana compatível com uma mulher de 42 anos. Chorei 3 dias diante da possibilidade de não conseguir ser mãe. Foi conversando com amigos e familiares que me indicaram a Dra. Michele da Huntington de Campinas. Dois casais conhecidos haviam tido filho com a ajuda dela. Depois de passar pela consulta, mesmo sendo longe de casa, optamos por fazer o tratamento com ela porque senti segurança.
Tiramos férias para fazer o tratamento e depois de alguns exames ela disse: Voltem no próximo mês porque esse mês não teremos bom resultado. Fui percebendo a importância de ser resiliente. Durante o tratamento da FIV não podemos controlar muitas coisas. Temos uns passos a seguir, mas tudo depende do que vai se apresentando pela frente e vamos recalculando a rota a todo momento. No mês seguinte fizemos a estimulação. Coletamos 8 óvulos, 6 maduros, 4 fertilizaram e apenas 2 chegaram ao terceiro dia. Transferimos a fresco e não engravidei. Choro, muito choro e frustração. Dra. Michele me explicou que, além da baixa reserva ovariana, a embriologista pôde notar que a qualidade dos meus óvulos não estava boa. Provavelmente não havia formado embriões saudáveis.
Fiquei 4 meses tomando remédios para melhorar a qualidade dos óvulos para começar a fazer um segundo tratamento. Meu marido também adotou um estilo de vida mais saudável e tomou a mediação necessária. Voltamos. Dra Michele me explicou que iria usar uma estratégia diferente. Mudou meus remédios para a estimulação e também o dia da coleta. 7 óvulos. 6 maduros, 5 fertilizados, 3 blastocistos. Como não havia engravidado da primeira vez, optamos por realizar o teste genético nos embriões. 1 aneuploide, 1 mosaico e minha filha. Foi aí que me senti “grávida”. Vi que ela estava ali nos esperando. Mais exames para verificar o melhor dia de fazer a transferência. 10 de abril de 2019 Fernanda começou a crescer dentro de mim. Nasceu saudável no dia 19/12/2019. Nossa jornada durou 3 anos, duas FIVs e resultou numa filha linda.
Se soubesse desde o começo que ela viria, o caminho teria sido mais leve. Mas, como explicou Nilton Bonder no livro “A Alma Imoral”, as vezes o mar não se abre na nossa frente e a fé consiste justamente em avançar sobre o mar fechado e ir encontrando chão firme enquanto caminhamos. A Dra. Michele e toda equipe da Huntington de Campinas foram nosso chão firme. Confiamos e avançamos. Hoje é dia de festa porque nossa princesa faz 4 anos. Nossa gratidão eterna a todos vocês.
Se eu pudesse falar algo aos casais tentantes seria: Cuidem da sua saúde como um todo: comam bem, façam exercício, durmam e controlem o estresse, conversem sobre como se sentem e, se possível, façam terapia. Do resto, entreguem aos profissionais da Huntington e sejam resilientes. Avancem sobre o mar fechado mesmo, o outro lado é lindo!