Sinais de infertilidade feminina: o que pode estar impedindo a gravidez?
Identificar os sinais de infertilidade feminina é um passo sensível, mas fundamental na jornada de quem sonha em construir uma família. Compreendemos que a espera e a incerteza podem gerar angústia, mas conhecer o próprio corpo é o primeiro passo para encontrar respostas e caminhos.
A infertilidade é definida como a incapacidade de uma mulher engravidar após 12 meses de tentativas sem uso de contraceptivos, um critério importante para buscar avaliação especializada. Atualmente, usamos esse período para pacientes de 35 anos; para pacientes com mais de 35 anos, o período reduz para 9 meses de tentativas; e para pacientes com 38 anos ou mais, 6 meses é o recomendado para procurar um especialista.
No entanto, é importante ressaltar que perceber um ou mais sinais não é um diagnóstico definitivo, mas sim um convite para uma conversa acolhedora com um especialista. Muitas condições que afetam a fertilidade podem ser tratadas, e a medicina reprodutiva oferece diversas soluções para ajudar você a realizar o sonho da maternidade.
Quais são os principais sinais de alerta para a infertilidade feminina?
Geralmente, o corpo feminino comunica sua condição de saúde reprodutiva por meio de padrões e sintomas. Por isso, estar atenta a eles é essencial. Alguns dos sinais de infertilidade feminina e indicativos mais comuns que merecem atenção, além de uma avaliação médica especializada incluem:
Ciclos menstruais irregulares
A irregularidade menstrual, com ciclos muito curtos (menos de 21 dias), muito longos (mais de 35 dias) ou ausentes, pode ser um sinal de problemas ovulatórios. A ovulação é um evento crucial para a concepção, e sua ausência (anovulação) é uma causa comum de infertilidade.
Cólicas menstruais muito intensas
Cólicas que incapacitam, não melhoram com analgésicos comuns e pioram com o tempo podem indicar condições como a endometriose e, mais raramente, a presença de miomas uterinos de grandes proporções. Ambas as situações podem dificultar a implantação do embrião ou a saúde geral do útero.
Dor durante as relações sexuais
A dor profunda durante ou após o contato íntimo, conhecida como dispareunia, não é normal. Ela pode estar associada a condições inflamatórias pélvicas, endometriose ou outras alterações anatômicas que interferem na fertilidade.
Alterações hormonais visíveis
Sinais como acne severa na vida adulta, crescimento de pelos em padrão masculino (rosto, peito), queda de cabelo acentuada ou ganho de peso inexplicado podem indicar desequilíbrios hormonais. Condições como a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) frequentemente apresentam esses sintomas.
Histórico de condições médicas
Mulheres com histórico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), doença inflamatória pélvica (DIP), cirurgias abdominais ou pélvicas, ou tratamentos oncológicos prévios devem ter uma atenção especial à sua saúde reprodutiva, pois esses fatores podem afetar as trompas e outros órgãos.
Além disso, é importante destacar que um histórico familiar de infertilidade também pode aumentar significativamente o risco de desenvolver a condição sem uma causa aparente, o que sugere a presença de fatores genéticos importantes.
O que pode causar a infertilidade feminina?
As dificuldades para engravidar podem ter diversas origens, relacionadas a diferentes partes do sistema reprodutor.
“A mulher apresenta, na maioria das vezes, algum fator que contribui para a infertilidade e também para esses eventos obstétricos adversos. Há mulheres com endometriose, ovários policísticos, função ovariana muito comprometida ou com idade avançada”, explica o Dr. João Pedro Junqueira, especialista em reprodução assistida.
De forma geral, as causas são agrupadas em fatores principais:
- Fatores ovarianos: problemas relacionados à ovulação, como na SOP;
- Fatores tubários: obstrução ou dano nas trompas de Falópio, que impedem o encontro do óvulo com o espermatozoide. Isso pode ser causado por infecções ou endometriose;
- Fatores uterinos: alterações na cavidade do útero, como miomas, pólipos ou malformações congênitas, que podem dificultar a nidação do embrião;
- Fatores hormonais e cervicais: desequilíbrios em hormônios como a prolactina ou da tireoide, além de alterações no muco cervical que podem impedir a passagem dos espermatozoides;
- Fatores metabólicos: o excesso de gordura abdominal está associado a um risco aumentado de infertilidade feminina, pois pode se relacionar à dificuldade de ovular regularmente;
- Fatores de saúde mental: Estudos indicam que a depressão pode ser uma condição que dificulta a gravidez, pois pode alterar a libido e, consequentemente, a frequência sexual.
Por fim, a infertilidade feminina também pode ter origem genética. Entenda a relação no vídeo abaixo:
Uma mulher infértil pode menstruar normalmente?
Sim, na maioria dos casos, a mulher com dificuldade para engravidar menstrua todos os meses. A menstruação indica que o útero se preparou para uma gestação, mas não garante que a ovulação tenha ocorrido de forma eficaz ou que não existam outros impedimentos, como uma obstrução nas trompas.
Por isso, ter um ciclo menstrual regular não descarta a possibilidade de infertilidade. A investigação médica detalhada é a única forma de confirmar a saúde reprodutiva de maneira completa.
Como é feito o diagnóstico da infertilidade feminina?
O diagnóstico é um processo investigativo e individualizado, conduzido por um especialista em reprodução humana. Ele começa com uma conversa detalhada sobre seu histórico de saúde e tentativas de gravidez. Em seguida, podem ser solicitados exames como:
- Dosagens hormonais: exames de sangue para avaliar hormônios ligados à ovulação e à reserva ovariana;
- Ultrassonografia transvaginal: para avaliar a saúde do útero, endométrio e ovários, além de monitorar a ovulação;
- Histerossalpingografia ou raio-X do útero e das trompas: um exame de raio-X com contraste que avalia a permeabilidade das trompas e a anatomia da cavidade uterina.
Quando devo procurar um especialista em reprodução humana?
A orientação geral é procurar ajuda especializada após um período de tentativas. No entanto, esse tempo pode variar conforme a idade da mulher, que é um fator determinante para a fertilidade.
“A grande questão nos últimos anos é que planejamento familiar também significa planejar a melhor possibilidade de gravidez, na idade em que a paciente deseja engravidar. Não é apenas sobre evitar uma gestação indesejada. E esse olhar já deveria fazer parte da abordagem de planejamento familiar nas consultas de rotina”, defende o Dr. João Pedro Junqueira.
Geralmente, recomenda-se buscar um médico se:
- Você tem menos de 35 anos e está tentando engravidar há 12 meses ou mais;
- Você tem 35 anos ou mais e está tentando engravidar há 6 meses ou mais;
- Você possui algum dos sinais mencionados, como ciclos muito irregulares, cólicas severas ou diagnóstico prévio de endometriose ou SOP, independentemente do tempo de tentativa.
Quais são os caminhos possíveis após o diagnóstico?
Receber um diagnóstico pode ser um momento delicado, mas também é o início de uma jornada de cuidado e soluções. Com base na causa identificada, existem diversos tratamentos de reprodução assistida, desde os mais simples até os mais complexos.
Técnicas como o coito programado, a inseminação intrauterina (IIU) e a Fertilização In Vitro (FIV) têm ajudado milhares de famílias a se formarem. No entanto, cada caso é único, e o plano de tratamento é sempre personalizado para oferecer as melhores chances de sucesso, com base em rigor científico e excelência médica.
A importância do cuidado e do acolhimento na jornada da fertilidade
Na Huntington, entendemos que a jornada para a maternidade vai além dos exames e procedimentos. Isso porque envolve sonhos, expectativas e uma grande carga emocional. Por isso, nosso compromisso é oferecer não apenas a mais alta tecnologia, mas também um atendimento humano, ético e acolhedor.
Se você se identificou com algum desses possíveis sinais de infertilidade feminina ou simplesmente sente que precisa de orientação, saiba que não está sozinha. Nossa equipe de especialistas está aqui para ouvir sua história, esclarecer suas dúvidas e traçar, junto com você, o melhor caminho para fazer do seu sonho, a sua vida.
Agende uma consulta e dê o primeiro passo!
REFERÊNCIAS
ABDULLAH, A. A.; AHMED, M.; OLADOKUN, A. Characterization and risk factors for unexplained female infertility in Sudan: A case-control study. World Journal of Methodology, s.l., v. 13, n. 3, jun. 2023. DOI: https://doi.org/10.5662/wjm.v13.i3.98.
SHEN, D. et al. Global, regional, and national prevalence and disability-adjusted life-years for female infertility: results from a global burden of disease study, 1990–2019. Gynecologic and Obstetric Investigation, nov. 2024. DOI: https://doi.org/10.1159/000542408.
ZENG, P. et al. The causal relationship of female infertility and psychiatric disorders in the European population: a bidirectional two-sample Mendelian randomization study. BMC Women’s Health, [s.l.], jan. 2024. DOI: https://doi.org/10.1186/s12905-024-02888-5.
ZHOU, Y.; PENG, D. Global spatiotemporal trends and modifiable risk factors for female infertility: An age-period-cohort using global burden of disease study 2021 and Mendelian randomization analysis. International Journal of Women’s Health, set. 2025. DOI: https://doi.2147/IJWH.S543096.
ZHU, X. et al. The association between circulating lipids and female infertility risk: a univariable and multivariable mendelian randomization analysis. Nutrients, jul. 2023. DOI: https://doi.org/10.3390/nu15143130.