Endometriose

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    Recentemente começou a ser veiculada a notícia de que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou no país a venda do primeiro remédio específico para tratar a dor da endometriose, uma doença muito comum entre as mulheres de uma forma geral, mas especificamente naquelas com dificuldades em gestar. Junto com os problemas relacionados com a ovulação, uma das principais causas de infertilidade, apesar da falta de números concretos, acreditasse que mais de 6 milhões de brasileiras possam ter endometriose.

    Existem apenas duas formas para tratar endometriose: o cirúrgico e o clínico, e nenhum do dois é resolutivo ao ponto de dar às pacientes a cura definitiva.

    A cirurgia, largamente utilizada, é feita na maioria das vezes por videolaparoscopia, contudo, em muitos casos não são “tão bem feitas”, pois poucos médicos estão devidamente habilitados para cirurgias maiores. Outro problema é que para se retirar o máximo de endometriose, existe, além do bom cirurgião, o bom diagnóstico, o que também é muito falho. Ultrasonografistas especializados são raros. E não vamos esquecer os riscos inerentes à cirurgia e suas complicações.

    O novo medicamento (Allurene) é usado via oral, por um período de tempo maior e com possíveis menores efeitos colaterais que os atuais (análogos do GNRH que sobre tudo dão às mulheres uma desconfortável sensação de menopausa, além de uma administração nasal ou injetável que não são muito agradáveis, além de contraceptivos e o DIU medicado que não tem aprovação para uso como tratamento de endometriose). Estudos clínicos demonstraram que o remédio alivia, principalmente, as dores menstruais e as que surgem durante relação sexual. O que é ótimo para quem não deseja nova gestação, mas para as inférteis ainda é pouco. Até porque a endometriose não é única: profunda, superficial, ovariana (endometrioma) e a que invade o útero (adenomiose) devem ser vistas individualmente, já que os tratamentos também o são.

    Definitivamente não deverá ser uma droga barata. O Brasil tem leis de patentes muito libertadoras, o que faz com que os laboratórios que investem muito nestas novas descobertas queiram ter um retorno rápido. Acredita- se que esta nova medicação chegue ao mercado com um preço sugerido de R$ 170 (para cada caixa com 28 comprimidos de 2 mg),  o que convenhamos não é nada barato.

    Quero enfatizar que a endometriose não tem cura, pelo menos até hoje. Tudo que se faz é melhorar o quadro geral e por um tempo ainda desconhecido que varia muito de caso a caso. O diagnóstico não é simples e muitas vezes apenas a cirurgia pode confirmar isto. Acreditem que os convênios médicos só liberam tratamentos clínicos específicos diante de uma prova concreta da doença, ou seja, o tecido que só é conseguido por cirurgia! Muitos centros não dispõem de estrutura adequada para diagnóstico e muitos médicos, acelerados pela necessidade de cumprir metas estabelecidas por planos de saúde, não dão a devida atenção às queixas das mulheres. Ou simplesmente não tem como dar o diagnóstico, já que nosso SUS não é uma ilha de excelência quando se trata de aparelhamento. Não é simples.

    Particularmente toda vez que chega ao mercado uma nova droga vejo com muita alegria. Novidades são sempre bem vindas e devem ser sempre comemoradas, mesmo que a popularização demore. São caminhos que surgem e portas que se abrem. Se ainda é pouco para as pacientes inférteis acometidas por endometriose, tudo bem, já é mais um passo no caminho de dias melhores, sem dor e com um rebento nos braços.

    Vamberto Maia Filho, médico especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington

     

     

     

     

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